Assessor especial de Lula expressa preocupação com movimentações militares norte-americanas no Caribe
O assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, demonstrou preocupação com a recente escalada militar dos Estados Unidos na Venezuela, afirmando que o presidente Nicolás Maduro não pode ser comparado a terroristas como Osama Bin Laden.
As declarações foram dadas nesta sexta-feira (24), após relatos de que navios e helicópteros norte-americanos estariam realizando operações navais e de vigilância próximos à costa venezuelana. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva acompanha a situação com apreensão, temendo que as ações possam evoluir para um confronto direto.
“Vejo isso com muita preocupação. Não é a mesma coisa. Você pode gostar ou não do Maduro, mas ele não é o Bin Laden. Ele não é um patrocinador de terrorismo”, declarou Amorim.
Operações militares e tensões no Caribe
As movimentações dos EUA fazem parte de uma ofensiva naval e aérea no Mar do Caribe, oficialmente justificada pela Casa Branca como parte de uma campanha contra o tráfico de drogas. No entanto, Caracas e aliados regionais afirmam que as operações têm caráter político e estratégico, visando desestabilizar o regime chavista.
De acordo com informações divulgadas pelo Washington Post, o presidente Donald Trump teria autorizado ações secretas e ofensivas conduzidas pela CIA e o Comando Sul, permitindo operações terrestres limitadas “em caso de resistência armada” na região.
Entre os movimentos mais recentes, os EUA deslocaram o destróier USS Gravely e fuzileiros navais da 22ª Unidade Expedicionária para Trinidad e Tobago, onde realizam exercícios conjuntos até o dia 30 deste mês.
“Mesmo que os EUA afirmem combater o narcotráfico, há clara intenção de pressão política sobre Caracas”, declarou um diplomata brasileiro sob anonimato.
Amorim descarta viagem com Lula e defende diálogo
Celso Amorim confirmou que não acompanhará Lula na reunião internacional que ocorrerá neste fim de semana na Malásia, com a presença de Donald Trump e outros líderes. O assessor explicou que já tinha compromissos confirmados no Fórum da Paz, em Paris, e reforçou que o Brasil defende soluções diplomáticas para a crise venezuelana.
“O Brasil é contrário a qualquer tipo de intervenção militar na América do Sul. O diálogo é o único caminho possível”, afirmou Amorim.
O assessor, que foi ministro das Relações Exteriores durante o governo de Dilma Rousseff, tem atuado como interlocutor informal entre Brasília, Caracas e Washington, buscando reduzir tensões regionais.
Pressão internacional contra Maduro
Desde o início de outubro, a Casa Branca intensificou as sanções econômicas contra a Venezuela e ampliou o patrulhamento militar na região. Segundo analistas, a estratégia de Trump visa enfraquecer o regime chavista e estimular divisões internas nas Forças Armadas venezuelanas.
Washington também acusa o governo Maduro de proteger cartéis de drogas e grupos terroristas como o Hezbollah, além de colaborar com organizações criminosas colombianas.
Já Caracas classificou a operação como uma “ameaça direta à soberania” e alertou para a possibilidade de retaliações diplomáticas.
Contexto regional
As tensões aumentam em meio à crise econômica e humanitária venezuelana e à retomada de conversas entre Caracas e a oposição. O Brasil, que atualmente preside o Mercosul, tenta mediar um acordo que permita novas eleições livres no país vizinho.
Lula, segundo assessores, vê com preocupação a presença militar norte-americana e teme que uma intervenção gere instabilidade em toda a América do Sul.