A declaração de bens apresentada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), à Justiça Eleitoral inclui 50% da propriedade de um avião avaliado em apenas R$ 100 mil — praticamente o preço de um carro popular. Mas documentos e registros públicos mostram que o valor real da aeronave é muito maior.
Dados obtidos pela coluna mostram que o avião registrado em nome de Motta e da empresa AVPAR Participações Ltda. é um EMB-810D, modelo conhecido comercialmente como Seneca III. A informação não aparece diretamente no sistema de transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas está na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Sites especializados, como aeronavesavenda.com, avaliam o Seneca III entre R$ 1 milhão e R$ 3,5 milhões — com média de R$ 2,2 milhões. Ou seja, mesmo a metade da aeronave tem valor dezenas de vezes superior ao informado por Motta em sua declaração eleitoral.
O Seneca III, fabricado em 1983, comporta um piloto e cinco passageiros. O ano de fabricação antecede o nascimento do próprio parlamentar, que nasceu em 1989.
No mês passado, criminosos tentaram roubar a aeronave no Clube Estância Ouro Verde, na Paraíba. Os bandidos renderam um funcionário do local, mas o avião não decolou devido a problemas mecânicos.
A coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder, procurou Hugo Motta para esclarecer a grande diferença entre o valor declarado ao TSE e o preço praticado no mercado — mas o presidente da Câmara não respondeu.
