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Câmara impõe derrota ao governo Lula e aprova PL Antifacção com penas mais duras e novos crimes

Deputados avalizam versão de Guilherme Derrite, que altera profundamente o texto enviado pelo Executivo

A aprovou nesta terça-feira (18), por 370 votos a 110, o texto-base do PL Antifacção, também chamado de Marco Legal do Combate ao Crime Organizado. A votação ainda seguirá com a análise de destaques que podem modificar trechos pontuais, mas a essência da proposta — com penas maiores, novos crimes e regras mais rígidas — já está garantida.

A aprovação foi interpretada como uma derrota para o governo , autor da versão inicial do projeto. O texto acabou completamente remodelado pelo relator, Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança de aliado ao governador (Republicanos). Derrite apresentou seis versões até chegar à que foi votada.


Governo critica perda de controle sobre o texto

No Planalto, a condução da matéria gerou irritação. Integrantes do governo apontaram o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), como responsável pelo desgaste ao entregar a relatoria a Derrite, que deixou o comando da Segurança paulista para assumir o mandato parlamentar.

Além disso, houve descontentamento com trechos suprimidos. Um dos pontos retirados — e que desagradou a oposição — foi a equiparação de organizações criminosas a grupos terroristas, inicialmente defendida no relatório. Tentativas de reinserir o dispositivo via destaques foram barradas por Motta, que alegou “impertinência temática” conforme o regimento.


Medidas centrais do PL 5582/25

O projeto reúne uma série de mudanças que tornam mais rígido o enfrentamento ao crime organizado.

Penas mais pesadas

  • Aumento das penas para integrantes de facções, chegando a até 40 anos.
  • Para chefes de organizações criminosas, a pena pode chegar a 66 anos.

Novos crimes

Inclui no Código Penal:

  • “Novo cangaço”.
  • Domínio territorial.
  • Ataques contra forças de segurança.
  • Controle social por meio da violência.
  • Ataques a carros-fortes.
  • Sequestro de aeronaves.

Restrições severas

  • Proibição de graça, anistia, indulto e liberdade condicional para crimes previstos no PL.
  • Cumprimento obrigatório de pena em presídios de segurança máxima para chefes de organizações.

Confisco e bens apreendidos

  • Perdimento extraordinário de bens ainda na fase de investigação.
  • Bens destinados aos fundos estaduais de segurança quando as investigações forem locais.
  • Em ações com a Polícia Federal, parte vai para o Fundo Nacional de Segurança Pública.

Procedimentos e investigação

  • Audiências de custódia por videoconferência, salvo decisão judicial contrária.
  • Inclusão do garimpo ilegal como agravante quando praticado por organizações criminosas.
  • Regras mais rígidas para progressão de regime.

O governo lamentou que o texto não utilize explicitamente o termo “facções criminosas”, e deve tentar reinserir a expressão no .


Próximos passos

O texto segue agora ao Senado Federal, onde será relatado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), confirmou a indicação e deve acelerar a tramitação.


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