Ex-ministro critica alianças do PT e chama governo Lula de “o mais corrupto da história” durante cerimônia de filiação
O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes oficializou, nesta quarta-feira (22), seu retorno ao PSDB, partido pelo qual já havia comandado o Estado nos anos 1990. Durante o evento, realizado em Fortaleza, o político aproveitou a ocasião para fazer duras críticas ao PT, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao atual governador cearense, Elmano de Freitas (PT).
Ao discursar diante de lideranças políticas de diferentes siglas, Ciro afirmou que “muitas afinidades e algumas desavenças” podem coexistir na política, desde que os conflitos sejam resolvidos “fraternalmente”. No entanto, reservou parte significativa de sua fala para atacar o PT, acusando o partido de “hipocrisia política” e “alianças oportunistas”.
“Pode trazer as diferenças. Quero ver quem tem moral para fazer essa discussão. Aqui não tem ladrão. E lá? Dá para dizer isso?”, provocou o ex-ministro, sendo aplaudido por apoiadores presentes.
Entre as autoridades que participaram do ato estavam representantes do PL, União Brasil, Cidadania e Avante — um arco político que Ciro classificou como “diverso, mas comprometido com o diálogo”.
Críticas ao PT e às alianças políticas de Lula
Ciro dedicou parte de seu discurso a recordar o histórico de alianças eleitorais do PT, acusando o partido de incoerência. Ele relembrou que Lula se elegeu em 2002 com José Alencar (PL) como vice e, depois, escolheu Michel Temer (MDB) para compor a chapa de Dilma Rousseff.
“Quando é o Lula, pode tudo. Pode se aliar ao PL, ao MDB, a quem for, que ninguém critica. Agora, se outro faz, é o fim do mundo”, ironizou.
O ex-ministro também criticou o fato de Geraldo Alckmin, histórico tucano e fundador do PSDB, ser hoje o vice-presidente do governo Lula.
“Quando o Lula quis se reeleger, chamou Alckmin. Um socialista, um grande guru da esquerda, um companheiro… porque para eles, tudo pode”, declarou, em tom sarcástico.
“O governo mais corrupto da história”
Ciro Gomes intensificou o tom ao classificar o atual governo federal como “o mais corrupto da história do Brasil”, afirmando que a administração petista tem repetido práticas condenadas durante gestões anteriores.
“Acha que eu estou exagerando? Desafio qualquer petista a me contestar. Nós esculhambamos o Bolsonaro quando ele liberava R$ 30 bilhões em emendas por ano. Pois bem, o Lula já liberou R$ 63 bilhões para a roubalheira generalizada”, disse o ex-governador, sob aplausos de militantes.
Ciro ainda atacou a propaganda oficial do governo, que, segundo ele, apresenta uma “realidade fantasiosa”.
“Na propaganda do governo, está tudo lindo, cor-de-rosa e perfeito. Mas o povo continua sem emprego digno e preso à dependência dos programas sociais.”
Novo rumo político e saída do PDT
O retorno de Ciro ao PSDB foi confirmado na última semana pelo presidente estadual do partido, Ozires Pontes, após meses de negociações. A decisão encerra a passagem de Ciro pelo PDT, sigla que o lançou candidato à Presidência em 2018 e 2022, mas com a qual ele rompeu após discordâncias com a aproximação do partido ao governo petista de Elmano de Freitas, no Ceará.
“A permanência dele no PDT já era insustentável, especialmente diante das reiteradas manifestações contrárias à aliança com o PT”, afirmou um aliado próximo.
Em sua fala, Ciro afirmou que o retorno ao PSDB representa um “recomeço de sua trajetória política” e que pretende “reconstruir o diálogo com o eleitorado de centro”, sem se alinhar a nenhum dos polos ideológicos dominantes.
“Volto para o PSDB porque aqui ainda há espaço para debate e coerência. Não vim para brigar com ninguém, mas para ajudar a reconstruir um projeto de país”, afirmou.
Presenças e apoios no evento
A cerimônia de filiação contou com a presença do deputado federal André Fernandes (PL-CE), aliado de Ciro em Fortaleza, além do ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil) e do ex-prefeito Roberto Cláudio (União Brasil). Também compareceram Rodrigo Nogueira (Avante) e Alexandre Pereira (Cidadania).
Lideranças tucanas destacaram que o retorno de Ciro pode reforçar o papel do PSDB no debate nacional, especialmente após anos de retração eleitoral. Segundo Ozires Pontes, a volta do ex-governador “marca a tentativa de reorganizar a oposição democrática e responsável no Ceará e no Brasil”.