Especialista em defesa analisa como a ilha usa táticas assimétricas para desestimular invasão chinesa e limitar envolvimento dos EUA
O especialista em inteligência militar Philip Ingram MBE analisou como Taiwan pode utilizar a chamada “estratégia do porco-espinho” para se proteger de uma eventual invasão da China — e, ao mesmo tempo, evitar que o conflito se transforme em uma Terceira Guerra Mundial. A avaliação foi feita no programa Battle Plans Exposed, do jornal britânico The Sun.
Segundo Ingram, enquanto a atenção global está voltada para a guerra na Ucrânia, o Estreito de Taiwan representa outro ponto de tensão capaz de desencadear um confronto de proporções mundiais. Ele destacou que a ilha tem papel estratégico nas cadeias globais de produção tecnológica e é aliada próxima dos Estados Unidos, o que ampliaria as dimensões de qualquer conflito com Pequim.
Defesa assimétrica: tornar a invasão cara e inviável
A chamada estratégia do porco-espinho, também conhecida como defesa assimétrica, define a atual postura militar de Taiwan: não tentar derrotar a China em combate direto, mas tornar a invasão extremamente custosa, lenta e sangrenta, de forma a desencorajar qualquer ofensiva de Pequim.
“Enquanto a atenção do mundo está voltada para a Ucrânia, outro ponto crítico pode desencadear um conflito ainda maior”, afirmou o especialista.
Essa doutrina se baseia na ideia de que Taiwan, como um porco-espinho, deve dispor de armas e defesas capazes de ferir gravemente o invasor, mesmo sem possuir o tamanho ou poder bélico da China.
Força Aérea: a primeira linha de defesa
Na visão de Ingram, a Força Aérea de Taiwan desempenha papel essencial na defesa inicial do território, contestando a superioridade aérea chinesa e resistindo às primeiras ondas de mísseis que poderiam abrir caminho para uma invasão anfíbia.
A frota taiwanesa conta com caças norte-americanos e sistemas de radar capazes de identificar alvos no Estreito de Taiwan, o canal marítimo que separa a ilha do continente chinês.
Marinha: bloqueio e minas marítimas
A Marinha taiwanesa é outro componente-chave da estratégia. Ingram destacou que ela é responsável por impedir bloqueios navais e dificultar o desembarque de tropas chinesas.
“O papel da Marinha é desafiar a Marinha do Exército de Libertação Popular no estreito, impedir um bloqueio naval e instalar minas marítimas para tornar as rotas de invasão traiçoeiras”, explicou o especialista.
Com contratorpedeiros, fragatas e submarinos de origem norte-americana, Taiwan busca criar uma zona de defesa marítima que reduza a vantagem numérica da frota chinesa.
Mísseis: “as penas do porco-espinho”
Outro pilar central da estratégia está no arsenal de mísseis de precisão. Ingram descreve essas armas como “as penas do porco-espinho” — a capacidade de infligir danos sérios e imprevisíveis ao agressor.
“Este é o cerne da dissuasão de Taiwan. A estratégia se baseia em um enorme arsenal de mísseis precisos, móveis e difíceis de detectar”, afirmou o analista.
Esses sistemas, em grande parte de fabricação norte-americana, permitem à ilha atingir bases, navios e alvos estratégicos chineses sem depender de confrontos diretos.
Mobilização civil e reservistas
Além das forças armadas regulares, Taiwan tem reforçado sua defesa civil e reserva militar. O serviço obrigatório foi ampliado de quatro meses para um ano, e cerca de 2,2 milhões de reservistas participam de treinamentos regulares e simulações de guerra.
O objetivo é preparar a população para resistência prolongada, de modo que qualquer tentativa de invasão envolva grande desgaste humano e logístico para a China.
Disuasão e equilíbrio geopolítico
A análise de Ingram conclui que a combinação entre Força Aérea, Marinha, mísseis móveis e mobilização civil torna Taiwan um alvo de alto risco, capaz de desmotivar a ofensiva chinesa e evitar o envolvimento direto dos Estados Unidos em uma guerra de grandes proporções.
“A união de todas essas camadas de defesa cria um sistema robusto e flexível, que pode impedir que o conflito se transforme em uma guerra global”, resume o especialista.
É necessário constatar que a oposição ao PCC e ao Líder chinês , cresce na medida em que o controle social total cria a revolta na população. Mesmo que próxima , Taiwan implica abandonar a muralha milenar , nunca transposta pelas Forças Armadas. O paradoxo real do inimigo interno.