Cubanos devem superar norte-coreanos entre estrangeiros que lutam ao lado da Rússia na guerra da Ucrânia

Promessas de altos salários atraem milhares de cubanos para as tropas russas; Havana nega envolvimento oficial

A Rússia tem recrutado um número crescente de cubanos para lutar na guerra da , e estima-se que, em breve, eles ultrapassem os norte-coreanos como o maior contingente de combatentes estrangeiros nas forças de Moscou. De acordo com autoridades ucranianas e informações divulgadas pela revista Forbes, cerca de 25 mil cubanos devem se juntar aos russos nos próximos meses.

Relatórios internacionais indicam prisões e envio de combatentes

Um relatório do Departamento de Estado dos revelou que pelo menos 26 cubanos já foram condenados a penas de cinco a 14 anos de desde setembro de 2023 por envolvimento em atividades mercenárias relacionadas ao conflito. Documentos obtidos pela agência Reuters, datados de 2 de outubro, indicam que entre 1.000 e 5.000 cubanos estariam atualmente lutando ao lado das tropas russas.

“Depois da Coreia do Norte, Cuba é o país que mais contribui com tropas estrangeiras para a agressão da Rússia, com cerca de 1.000 a 5.000 cubanos na Ucrânia”, afirma o relatório.

Havana nega qualquer participação oficial

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba rejeitou as acusações e afirmou que o país não participa do conflito.

“Cuba rejeita as falsas alegações que o governo dos Estados Unidos está espalhando sobre o suposto envolvimento de Cuba no conflito militar na Ucrânia”, declarou o órgão.

O governo cubano alegou não possuir informações precisas sobre cidadãos que possam estar atuando “por conta própria” ou em “forças de ambos os lados”. Segundo a chancelaria, nenhum dos combatentes tem apoio, incentivo ou consentimento estatal.

Dinheiro é o principal atrativo para os cubanos

De acordo com especialistas ouvidos pela Forbes, o fator econômico é o maior estímulo para o alistamento. A Rússia oferece salários mensais de cerca de US$ 2.000 (equivalente a R$ 11 mil), valor cem vezes superior à média salarial cubana, estimada em US$ 20 (R$ 110).

“A economia por si só já torna isso um atrativo poderoso”, explicou Cristina Lopez-Gottard, professora do Miller Center da Universidade da Virgínia.

Questão política e vantagens estratégicas para Moscou

Autoridades ucranianas acreditam que o envio de cubanos e norte-coreanos tem motivações políticas, servindo para demonstrar apoio internacional à Rússia. A parlamentar Oleksandra Ustinova afirmou que o envio desses combatentes “é um gesto político, não um sinal de escassez de soldados russos”.

O representante da inteligência militar ucraniana, Andriy Yusov, explicou que o recrutamento de estrangeiros é vantajoso para o Kremlin:

“Se um estrangeiro morre, não há pagamento de benefícios sociais nem pressão de famílias russas. São menos russos mortos e menos descontentamento interno.”

Já o cientista político Alexander Motyl, da Universidade Rutgers, avalia que a busca por mercenários demonstra fraqueza e possível desespero do regime de Vladimir .

“Os russos estão cada vez menos dispostos a morrer em vão, e Putin agora deixa estrangeiros lutarem e morrerem em seu lugar”, disse.

Expansão global do recrutamento russo

Além de cubanos e norte-coreanos, a Rússia também estaria tentando atrair mercenários da África, América Latina e Ásia Central. A inteligência britânica estima que o país já tenha sofrido mais de um milhão de baixas desde o início da guerra.


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