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Estudo da Stanford aponta ligação entre inflamação cardíaca e vacina contra a covid

Nova análise identifica mecanismo específico associado a casos raros de miocardite

Pesquisadores da Stanford Medicine detalharam um caminho biológico que pode explicar por que uma parcela muito pequena de pessoas, especialmente homens jovens, desenvolve miocardite após receber vacinas de mRNA contra a covid-19. A investigação, que apareceu na revista Science Translational Medicine na última quarta-feira (10), revelou níveis excepcionalmente elevados de duas proteínas inflamatórias em amostras desses pacientes.

Reação imune exagerada aparece como possível origem do problema

A equipe examinou exames de indivíduos vacinados que sentiram dor no peito, febre e palpitações logo nos primeiros dias após a aplicação. Dois marcadores ligados à ativação intensa do sistema imunológico chamaram atenção dos especialistas, indicando um descompasso que pode afetar diretamente o músculo cardíaco.

O estudo também recorreu a modelos animais e a tecidos cardíacos cultivados em laboratório. Nessas experiências, células expostas às proteínas inflamatórias perderam força e apresentaram sinais claros de estresse. Quando os cientistas bloquearam a ação dessas moléculas, observaram redução dos danos nos tecidos.

Casos continuam raros e, em sua maioria, leves

Embora a reação tenha sido caracterizada de forma mais precisa, a maior parte dos episódios segue sendo leve. Joseph Wu, diretor do Stanford Cardiovascular Institute, reforçou que essa miocardite “não é um ataque cardíaco no sentido tradicional; não há bloqueio dos vasos sanguíneos”. Ele acrescentou que situações graves podem exigir internação, mas permanecem incomuns. Segundo Wu, o risco de inflamação cardíaca é muito maior entre pessoas que contraem covid-19.

Pesquisadores testam substância com potencial protetor

O grupo avaliou ainda a genisteína, um composto derivado da soja com ação anti-inflamatória. Em animais e células, a ingestão prévia reduziu o impacto das proteínas sobre o tecido cardíaco. Wu afirmou que os achados ajudam a compreender a origem desses quadros e a buscar estratégias para evitá-los. “Os imunizantes de mRNA fizeram um trabalho tremendo para conter a pandemia”, destacou.


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