Posição da ex-primeira-dama sobre apoio a Eduardo Girão irrita Flávio, Eduardo e Carlos e expõe divergência interna no bolsonarismo
A movimentação política no Ceará gerou atritos públicos na família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta segunda-feira (1º), os três filhos mais velhos do ex-presidente — Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro — se manifestaram contra a postura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que durante evento em Fortaleza no domingo (30/11) censurou a articulação do PL com Ciro Gomes (PSDB) e declarou apoio à pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) ao governo estadual.
Flávio Bolsonaro afirma que Michelle “atropelou” decisão do pai
Ao comentar o episódio, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse ao Metrópoles que Michelle contrariou uma orientação previamente autorizada por Jair Bolsonaro. O senador criticou de forma direta a maneira como ela tratou o deputado André Fernandes (PL-CE), responsável pelas conversas políticas com os tucanos.
Segundo Flávio:
“A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, talvez nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora.”
Carlos apoia Flávio e defende unidade sob comando de Jair Bolsonaro
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) reforçou a crítica do irmão ao publicar no X (Twitter):
“Meu irmão Flávio está certo. Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças.”
Eduardo Bolsonaro diz que a repreensão foi “injusta” e cita posição definida por Jair Bolsonaro
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também engrossou o coro. Ele republicou a postagem de Carlos e acrescentou:
“Foi injusto e desrespeitoso com o André Fernandes o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito do acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer ao líder.”
Em entrevista ao jornalista Igor Gadelha, Eduardo voltou a dizer que a intervenção de Michelle foi “autoritária e constrangedora”.
O que ocorreu no evento em Fortaleza
A situação que desencadeou o conflito ocorreu no encontro político na capital cearense, quando Michelle repreendeu André Fernandes por avaliar apoiar uma composição com Ciro Gomes para a eleição de 2026.
Para Michelle, a aproximação iria contra a diretriz nacional do PL, e ela reforçou que alianças com figuras críticas ao bolsonarismo não seriam aceitáveis.
Flávio destaca cálculo político envolvendo Bolsonaro, Lula e Ciro
Ao analisar o cenário eleitoral do Ceará, Flávio argumentou que o estado tem três polos políticos relevantes: Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes.
Ele afirmou:
“Partindo do princípio que Ciro é candidato ao governo do estado e não será um palanque de apoio a Lula, há uma janela de oportunidade para diminuir a força local de Lula para presidente.”
Decisão sobre alianças estaduais caberá apenas a Jair Bolsonaro
Flávio Bolsonaro também fez questão de ressaltar quem terá a palavra final sobre candidaturas de 2026:
“A decisão não será minha, nem da Michelle, nem de Valdemar Costa Neto. O mecanismo será uma discussão interna feita por um grupo — do qual ela faz parte — e depois a decisão final será sempre de Jair Messias Bolsonaro. Michelle não é política e precisa entender que a forma de tomar uma decisão às vezes é mais importante do que a própria decisão.”