Ministro foi o único a divergir da maioria no caso que condenou o ex-presidente e outros sete réus por envolvimento em trama golpista
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou uma revisão de seu voto no julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por envolvimento na trama golpista investigada pela Corte. O pedido foi feito antes da publicação do acórdão, documento que consolida os votos e fundamentações dos ministros.
A solicitação foi revelada pela Folha de S.Paulo e confirmada pelo Estadão. Fux já havia enviado sua manifestação original, mas decidiu revisá-la antes que o texto fosse incorporado ao acórdão final. Esse tipo de revisão é comum em julgamentos complexos, especialmente quando o ministro busca ajustes técnicos ou de redação em suas justificativas.
Publicação do acórdão e prazo para recursos
O acórdão — que reúne todos os votos, fundamentos e eventuais complementações dos ministros — é essencial para a abertura do prazo de recursos e o início do cumprimento das penas impostas.
De acordo com o Regimento Interno do STF, o documento deve ser publicado em até 60 dias após a aprovação da ata da sessão. No caso de Bolsonaro, a sessão foi concluída em 24 de setembro, o que fixa o prazo final para 23 de novembro.
Somente após essa publicação as defesas poderão recorrer, contestando pontos específicos do julgamento ou pedindo a revisão da decisão. O prazo para interposição de recursos é de 15 dias após a divulgação do acórdão.
Voto isolado e condenações
Durante o julgamento do chamado “núcleo 1” da trama golpista, Luiz Fux foi o único ministro a divergir da maioria. Os demais integrantes da Corte acompanharam o voto do relator, formando maioria pela condenação do ex-presidente.
Ao final da sessão, Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, enquanto os outros sete réus receberam penas que variam de 2 a 26 anos.
Segundo entendimento do STF, os recursos só são admitidos quando há ao menos dois votos pela absolvição — condição que não se aplica neste caso, já que apenas Fux votou a favor da absolvição.