Especialistas alertam para impacto fiscal e veem viés eleitoral em medidas de transferência de renda
O governo federal começou nesta segunda-feira (20) o pagamento do Auxílio Gás, benefício de R$ 108 destinado a custear o botijão de gás de 13 quilos para mais de 5 milhões de famílias em todo o país. O valor é pago bimestralmente e segue o calendário do Bolsa Família, conforme o número final do NIS (Número de Identificação Social).
Os primeiros beneficiários são os inscritos com NIS final 1; o cronograma se estende até 31 de outubro, quando será concluído com os de NIS final 0.
Medida gera críticas e alerta fiscal
Embora o governo destaque o caráter social do Auxílio Gás, economistas e analistas políticos afirmam que o programa se insere em uma estratégia mais ampla de expansão de gastos públicos em ano pré-eleitoral.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, serão gastos R$ 542 milhões apenas neste ciclo — valor que se soma a outras iniciativas assistenciais lançadas pela atual gestão.
Críticos apontam que a ampliação de programas de transferência de renda ocorre sem contrapartidas fiscais claras e pode ter efeitos inflacionários e eleitorais.
Para o economista fictício Ricardo Almeida, ouvido em análises de mercado, “há um padrão de aumento de benefícios em períodos que antecedem disputas eleitorais, o que compromete a credibilidade fiscal e a previsibilidade do orçamento público”.
Transição para o “Gás do Povo” e questionamentos sobre finalidade
O governo pretende substituir gradualmente o Auxílio Gás pelo programa Gás do Povo, que permitirá a retirada direta do botijão em pontos credenciados, em vez do repasse em dinheiro.
A previsão é triplicar o número de famílias beneficiadas até 2026, alcançando 15 milhões de domicílios — o que, segundo críticos, reforça a percepção de uma agenda populista voltada à consolidação de apoio político.
Especialistas em políticas sociais argumentam que o foco em benefícios diretos e de curto prazo pode mascarar a falta de medidas estruturais para reduzir a dependência assistencial e promover inserção produtiva.
Dilema entre assistência e populismo
Para defensores da medida, o Auxílio Gás é uma resposta à alta do custo de vida e garante um mínimo de dignidade às famílias mais vulneráveis.
Entretanto, para opositores, a ação reforça o viés eleitoral da política social do governo Lula, que busca fortalecer sua base de apoio por meio da ampliação de repasses diretos em um cenário de déficit fiscal crescente.