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Haddad critica Banco Central e diz que é o “mais duro do mundo”

Ministro da Fazenda cobra política monetária mais flexível e afirma que votaria pela redução da taxa Selic

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar a condução da política monetária brasileira e classificou o (BC) como o “mais duro do mundo” no combate à inflação. A declaração foi feita nesta terça-feira (21), em entrevista à GloboNews, com base em um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo o ministro, o FMI identificou o BC brasileiro como o mais “hawkish” do planeta — termo usado no mercado financeiro para designar bancos centrais que adotam uma postura mais agressiva na contenção da inflação, mantendo juros elevados por períodos prolongados.

“A inflação está se comportando cada vez melhor, e as projeções do mercado já apontam para um índice abaixo de 4% em 2027. O FMI disse que o Banco Central do é o mais hawkish, o mais duro do mundo. E o FMI sabe o que está falando. Historicamente, o nosso BC sempre foi duro, mas o atual é o mais duro do mundo, muito duro. É uma inflação que já está beirando a banda superior da meta, e você tem mais de 10% de juro real. Então é duro mesmo, não é pouco o que está sendo feito”, afirmou Haddad.

Crítica à política monetária e defesa do corte de juros

Ao comentar o atual nível da taxa Selic, mantida em 15% ao ano desde junho — o maior patamar desde 2006 —, Haddad afirmou que, se integrasse o Comitê de Política Monetária (Copom), votaria pela redução imediata dos juros básicos.

“Existem nove diretores que decidem isso. Se eu estivesse lá, eu teria essa opinião, de que está restritivo demais para as condições atuais. Tem economista com outra opinião, e ninguém sai xingando”, disse o ministro.

Ele destacou que, apesar da estabilidade dos preços e da melhora gradual dos indicadores econômicos, a política de juros altos continua “excessivamente conservadora” e pode dificultar a retomada do crescimento e a redução do endividamento das empresas.

Haddad também mencionou que a recente queda no preço da gasolina anunciada pela poderia abrir espaço técnico para um corte da Selic, reforçando o argumento de que o cenário inflacionário atual já permitiria maior flexibilidade monetária.

Elogios cautelosos à nova diretoria do BC

Mesmo com o tom crítico, o ministro evitou um confronto direto com a atual equipe do Banco Central, liderada por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio da Silva.

“É muito difícil julgar uma gestão que acabou de começar. Isso vale para a atual diretoria, que chegou com problemas graves para administrar. Mas, ao longo da história, o BC tem sido duro. Houve um período, quando o Ilan [Goldfajn] foi presidente, em que o Banco Central foi muito sensível às teses que me são caras. Eu espero que essa gestão também seja”, afirmou Haddad.

O ministro reforçou que o governo tem buscado alinhar política fiscal e monetária, mas que a manutenção de juros elevados compromete a reação da economia real, especialmente entre empresas endividadas e consumidores que dependem de crédito.

Lula volta a pressionar por redução da Selic

As declarações de Haddad ocorreram um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também cobrar, de forma pública, uma queda mais rápida na taxa básica de juros. Durante o lançamento do programa Reforma Casa Brasil, na segunda-feira (20), Lula afirmou que o Banco Central precisa começar a baixar os juros, sob pena de travar o crescimento.

“O Banco Central vai precisar começar a baixar o juro, porque todo mundo sabe o que nós herdamos e sabe que estamos preparando este país para ter uma política monetária mais séria”, declarou o presidente.

Desde o início de seu governo, Lula tem criticado a autonomia do Banco Central, especialmente no que diz respeito à manutenção prolongada da Selic em níveis elevados, argumentando que a decisão prejudica o crédito, o consumo e o investimento produtivo.

A fala de Haddad, alinhada ao discurso presidencial, evidencia a pressão política crescente sobre o BC, que, por sua vez, defende a necessidade de manter a taxa alta até que a inflação esteja definitivamente controlada.

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