Documento dos EUA mostra que ação de comunicação internacional incluiu promoção pessoal da primeira-dama
Um documento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, foi promovida como “porta-voz” e “voz central” da COP30 por uma agência de relações públicas contratada com recursos da ONU.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (13) pelo jornalista David Ágape, no portal A Investigação.
O registro consta em comunicações apresentadas pela Edelman, uma das maiores empresas de comunicação do mundo, à Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (FARA) — mecanismo que obriga transparência em contratos firmados com governos estrangeiros.
Segundo o documento, o governo brasileiro contratou a Edelman para cuidar da comunicação internacional da COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, ao custo de US$ 835 mil (cerca de R$ 4,5 milhões).
Primeira-dama apresentada como “voz central”
Em 22 de setembro, a filial da Edelman em Nova York enviou um e-mail a jornalistas estrangeiros destacando Janja entre as “líderes mulheres da COP30”.
O texto a descreve como uma “voz central da conferência” e oferece entrevistas exclusivas com a primeira-dama para tratar de temas como:
- violência de gênero,
- insegurança alimentar, e
- participação feminina na política.
O envio do material ocorreu durante a passagem de Janja por Nova York, onde participou da Climate Week NYC 2025, evento paralelo à Assembleia Geral da ONU.
Financiamento e envolvimento da ONU
O registro no FARA indica que a ação de comunicação foi feita “em nome da Presidência da COP30, sob coordenação do governo brasileiro”, mas financiada com verba das Nações Unidas.
A documentação não especifica o grau de envolvimento direto da ONU na decisão de incluir Janja como figura de destaque na campanha.
Silêncio oficial
Até o momento, nenhum dos envolvidos se pronunciou oficialmente:
- ONU,
- Presidência da COP30,
- Edelman,
- Itamaraty, e
- Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Contexto
A COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, será a primeira realizada na Amazônia. O governo Lula tem usado o evento como vitrine internacional de sua política ambiental e social.
A promoção de Janja, que não possui cargo público nem função técnica no evento, reacende o debate sobre o papel político e institucional da primeira-dama, que recentemente também ganhou acesso formal ao Gabinete Pessoal da Presidência por meio do Decreto nº 12.604/2025.