Líder da oposição na Venezuela foi premiada com o Nobel da Paz por sua luta pela democracia no país
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já fez críticas públicas à líder da oposição venezuelana María Corina Machado, que recentemente foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz. Ao comentar sobre a proibição imposta por Nicolás Maduro para que Corina disputasse a presidência da Venezuela em 2024, Lula sugeriu que a opositora deixasse de “chorar” e escolhesse um substituto, como ele próprio fez com Fernando Haddad em 2018, no Brasil.
“Aqui nesse país eu fui impedido de concorrer às eleições em 2018, ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato e disputou as eleições. Na Venezuela, estão marcadas as eleições para o dia 28 de julho [de 2024]. A pergunta de vocês é se as eleições vão ser honestas ou não: eu espero que sejam as mais democráticas possíveis. O presidente Maduro me disse na reunião em São Vicente que ele vai convocar todos os olheiros do mundo que quiserem assistir ao processo eleitoral na Venezuela”, declarou Lula em uma coletiva realizada em março de 2024.
María Corina rebate Lula e denuncia machismo
Na ocasião, María Corina respondeu às declarações do presidente brasileiro, classificando-as como machistas e reforçando a importância da luta democrática na Venezuela. Em sua resposta, ela defendeu sua atuação política e criticou Lula por, segundo ela, minimizar o autoritarismo de Maduro.
“Eu chorando, presidente Lula? Você está dizendo isso porque sou mulher? Você não me conhece. Luto para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram em mim nas primárias e dos milhões que têm o direito de fazê-lo numa eleição presidencial livre em que derrotarei Maduro. Você está validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição e o Acordo de Barbados que afirma apoiar. A única verdade é que Maduro tem medo de me confrontar porque sabe que o povo venezuelano está hoje na rua comigo”, declarou Corina.
Impedimentos jurídicos de Lula e Corina: contextos distintos
O impedimento de Lula nas eleições de 2018 ocorreu após condenações por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, confirmadas em duas instâncias e ratificadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Já no caso de María Corina, a proibição de sua candidatura partiu do sistema judicial venezuelano, controlado pelo regime de Maduro, sob a acusação de que ela teria atuado contra os interesses do país ao apoiar sanções internacionais contra a ditadura.
Nobel da Paz destaca papel de Corina na luta democrática
O Comitê do Prêmio Nobel justificou a escolha de María Corina Machado destacando seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela” e sua “luta por uma transição pacífica e justa do regime ditatorial para uma democracia plena”.
Corina foi reconhecida como uma “figura-chave e unificadora” de uma oposição que antes era profundamente fragmentada, mas que agora se une em torno de um objetivo comum: eleições livres e representatividade política.