Encontro não está na agenda oficial; JBS acompanha missão de exportação liderada pelo governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta quarta-feira (22) em Jacarta, capital da Indonésia, para cumprir uma agenda voltada à ampliação das exportações brasileiras, especialmente no setor de carnes.
Segundo fontes ligadas à comitiva presidencial, há expectativa de que Lula se encontre com os empresários Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, que também estão na região para participar de um fórum empresarial internacional. O possível encontro, no entanto, não aparece na agenda oficial divulgada pelo Palácio do Planalto.
Missão comercial brasileira
De acordo com a revista IstoÉ Dinheiro, os irmãos Batista teriam viajado de Bangcoc (Tailândia) para a Indonésia, onde devem se reunir com cerca de 100 empresários brasileiros e autoridades locais.
O setor de carnes é um dos principais temas da missão comercial, já que o governo brasileiro busca reverter restrições sanitárias impostas pela Indonésia à importação de produtos de origem animal.
A JBS, maior processadora de proteína do mundo, integra a delegação de empresários que acompanha Lula em parte da viagem à Ásia. A empresa tem forte interesse em expandir seus mercados no Sudeste Asiático, região considerada estratégica para o agronegócio brasileiro.
Compromissos oficiais de Lula
Nesta quinta-feira (23), Lula deve se reunir com o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, e participar de um evento organizado pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
O governo brasileiro vê a viagem como uma oportunidade para fortalecer parcerias comerciais e abrir novos canais de exportação com países asiáticos, em especial no setor de alimentos e commodities agrícolas.
“A meta é diversificar os destinos das exportações brasileiras e aumentar a presença em mercados de alto consumo na Ásia”, informou o Itamaraty.
Contexto e histórico da JBS
A presença dos irmãos Batista em missões internacionais não é inédita. A JBS participou de outras viagens oficiais durante os governos anteriores de Lula, promovendo acordos bilaterais para ampliação da exportação de carnes e derivados.
Os empresários, no entanto, foram figuras centrais nas investigações da Operação Lava Jato, que apurou esquemas de corrupção envolvendo empresas, políticos e estatais brasileiras. Durante o processo, Joesley e Wesley Batista firmaram acordos de colaboração premiada, admitindo o pagamento de propina a agentes públicos e partidos políticos — entre eles, integrantes do PT — em troca de benefícios empresariais.
Ambos voltaram a atuar no comando da JBS após cumprirem medidas judiciais e concluírem acordos com o Ministério Público.
Foco econômico e tentativa de reaproximação
Apesar do passado controverso, o governo avalia a JBS como um ator estratégico para o aumento das exportações brasileiras de alimentos. A empresa representa parte significativa do superávit da balança comercial e possui forte presença em mercados asiáticos, especialmente China, Vietnã e Indonésia.
Analistas veem a reaproximação como um movimento pragmático do governo Lula, que busca impulsionar as exportações em meio à desaceleração econômica global e ao desafio de cumprir metas fiscais sem reduzir investimentos públicos.