Deputados classificam ida do psolista ao governo como “vergonha nacional” e acusam Planalto de promover “governo ideológico”
A nomeação de Guilherme Boulos como novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República provocou forte reação entre parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados, que classificaram a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um “deboche ao povo” e uma “vergonha nacional”.
O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (20), e marca a substituição do petista Márcio Macêdo pelo líder do PSOL, ampliando a presença do partido no primeiro escalão do governo. Além da Secretaria-Geral, a legenda já ocupa o Ministério dos Povos Indígenas, sob comando de Sônia Guajajara.
Para representantes da oposição, a decisão tem caráter “simbólico e ideológico” e reforça o que consideram ser um distanciamento do governo Lula das pautas econômicas e sociais da população trabalhadora.
Reação no Congresso: críticas e ironias
O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), foi um dos primeiros a se manifestar.
“Lula anuncia Boulos como ministro de Estado — aquele mesmo que ficou conhecido por invadir propriedades alheias. É uma vergonha nacional”, afirmou.
Sanderson ainda ironizou o novo ministro ao chamá-lo de “revolucionário de iPhone” e acusou o governo de premiar militantes com cargos públicos.
“Enquanto esfola o povo com a maior carga tributária da história, o ‘revolucionário de iPhone’ é premiado com cargo pra seguir destruindo o país. Mais um passo para transformar o Planalto num refúgio bolivariano. A nomeação de Boulos é o exato retrato do Brasil de Lula.”
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, deputado Filipe Barros (PL-PR), também reagiu. Ele afirmou ter sido bloqueado por Boulos em suas redes sociais e publicou uma mensagem incisiva:
“Ser ministro de Lula é a síntese do que o PT quer infligir ao Brasil: uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia.”
Acusações de “radicalismo” e “governo de militância”
Outros deputados de oposição seguiram o mesmo tom. O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Rodolfo Nogueira (PL-MS), declarou que a escolha “não é apenas um ato simbólico, mas um novo capítulo do governo petista que reforça o ativismo político em detrimento do crescimento econômico”.
“A nomeação de Boulos é mais um passo para que o Brasil fique refém de uma agenda radical, com privilégios para poucos e sacrifício para a maioria”, afirmou Nogueira.
Na mesma linha, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) avaliou que a decisão transforma o Palácio do Planalto em “palanque ideológico”.
“Quando quem representa a ordem social é excluído, sobram simbolismos vazios. É o retrato de um governo que governa para si mesmo.”
O deputado Coronel Tadeu (PL-SP) classificou a nomeação como “um erro político que custará caro ao país”.
“Enquanto famílias lutam para equilibrar o orçamento e empresas pagam impostos altíssimos, o governo escolhe colocar no comando daquele ministério alguém com postura antagonista à iniciativa privada”, disse.
O deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) acrescentou que o governo Lula estaria usando o Estado “como palco e não como instrumento de serviço público”.
“O povo produtivo fica de fora, enquanto o aparelho estatal vira prêmio para militância. Um verdadeiro atentado ao senso de justiça”, afirmou.
Psol amplia presença no governo
Com a nomeação de Boulos, o PSOL — que historicamente manteve posição independente em relação ao PT — ganha mais influência política dentro do governo federal. A pasta da Secretaria-Geral, que coordena assuntos institucionais e de comunicação do Palácio do Planalto, é considerada estratégica por sua proximidade com o presidente.
Aliados de Lula avaliam que a entrada de Boulos fortalece a aliança com a esquerda e antecipa o cenário eleitoral de 2026, já que o novo ministro é um dos principais nomes do campo progressista e deve disputar a Prefeitura de São Paulo no próximo pleito.
Nos bastidores, auxiliares do Planalto afirmam que Lula aposta na habilidade de Boulos de articular movimentos sociais e partidos da base, enquanto setores empresariais e políticos mais conservadores enxergam o gesto como um aceno à ala ideológica da esquerda.
O Palácio do Planalto ainda não respondeu oficialmente às críticas da oposição, mas fontes próximas à Secretaria-Geral afirmam que Boulos deve priorizar a retomada do diálogo com movimentos populares e a coordenação política com o Congresso Nacional.