Órgão cita idade avançada, Alzheimer e risco à integridade do ex-ministro caso permaneça sob custódia militar
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou nesta sexta-feira (28) um parecer ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), recomendando que o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, cumpra prisão domiciliar por razões humanitárias. A avaliação leva em conta sua idade e um quadro de saúde considerado grave.
PGR: “Medida excepcional e proporcional”
No parecer, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que a domiciliar é justificável diante das condições clínicas de Heleno:
“A manutenção do custodiado em prisão domiciliar é medida excepcional e proporcional à sua faixa etária e ao seu quadro de saúde, cuja gravidade foi devidamente comprovada”, escreveu. Segundo Gonet, o risco de agravamento é maior caso o general permaneça afastado de cuidados médicos adequados.
Condenação e crimes atribuídos ao general
Aos 78 anos, Heleno cumpre pena de 21 anos de prisão, condenado por envolvimento no suposto plano de golpe que, segundo a PGR, tentou abolir o Estado Democrático de Direito. A lista de crimes atribuídos inclui:
- tentativa de golpe de Estado;
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- formação de organização criminosa;
- dano qualificado por violência;
- destruição de patrimônio tombado.
Desde a prisão, ele está em uma sala especial no Comando Militar do Planalto (CMP), em Brasília, com estrutura que inclui cama, banheiro privativo, escrivaninha, TV com canais abertos, frigobar e ar-condicionado.
Saúde frágil e diagnóstico de Alzheimer
Durante audiência no STF, na quinta-feira (27), Heleno relatou problemas de saúde e uso de diversos medicamentos, mas não mencionou oficialmente o diagnóstico de Alzheimer.
O parecer da PGR, porém, registra que o general possui demência de Alzheimer, além de doenças vasculares e outras comorbidades. O documento ressalta que o STF já admite prisão domiciliar humanitária quando a doença exige tratamento que não possa ser oferecido no ambiente prisional.
A condição já constava em registros do Exército: em 2018, Heleno notificou formalmente ser portador de Alzheimer, informação confirmada em exame recente no CMP. Ele relatou perda acentuada de memória recente, hipertensão e outros sintomas.
Histórico de tratamento
Durante o período em que comandou o GSI no governo Bolsonaro, Heleno já fazia acompanhamento médico para a doença. O Exército informou que as salas destinadas a generais seguem normas militares de custódia e podem incluir itens como TV e frigobar, mediante autorização judicial.
A decisão final sobre a mudança para prisão domiciliar caberá agora ao ministro Alexandre de Moraes.