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PT paga R$ 8,2 milhões a empresas de dirigente que deveria ter deixado cargo em 2021

Nome de George Barcelos permaneceu na direção do PT-DF enquanto suas firmas fechavam mais de 200 contratos com o partido

O Partido dos Trabalhadores (PT) manteve por quase quatro anos o nome de George Barcelos na direção do diretório do Distrito Federal, mesmo após ele ter pedido informalmente sua saída em 2021. Nesse período, o partido firmou contratos que somam R$ 8,2 milhões com duas empresas dele: a Log Produções & Filmes e a Dindue, responsáveis por serviços de audiovisual, comunicação e tecnologia da informação. As informações foram publicadas pela Folha de S.Paulo neste sábado (27).

Contratos milionários

Entre 2021 e abril de 2025, a Log Produções recebeu R$ 7,6 milhões, incluindo R$ 1,4 milhão apenas nos nove primeiros meses de 2025. Já a Dindue assinou 15 contratos entre 2024 e 2025, entre eles um de R$ 37 mil para desenvolver o site da Federação Esperança (PT, PCdoB e PV).

A Log atuou em mais de 200 contratos com o PT desde 2021, oferecendo serviços como transmissões ao vivo, aluguel de equipamentos, produção de vídeos, legendagem e intérpretes de Libras. Entre os trabalhos, destaca-se a transmissão da posse de Luiz Inácio da Silva em janeiro de 2023, no valor de R$ 51 mil.

Em 2022, a empresa também coordenou a transmissão online do evento de 42 anos do PT, realizado com dirigentes participando de suas casas.

Pedido de desligamento ignorado

Barcelos afirmou que havia solicitado sua saída do diretório em agosto de 2021, mas descobriu que continuava vinculado ao partido apenas em 2025, ao tentar regularizar sua filiação para votar nas eleições internas.

Dos grupos de WhatsApp, já que agora tudo se resolve pelo WhatsApp, eles me removeram. Eu não ia mais às reuniões, não participava mais dos grupos, não participava de mais nada”, disse à Folha.

O PT-DF reconheceu que seu nome permaneceu na direção por “desorganização burocrática”, alegando que a pandemia e a falta de recursos atrasaram os processos administrativos.

Primeiros trabalhos e intermediação

O primeiro serviço prestado pelas empresas de Barcelos ao PT ocorreu em maio de 2021, intermediado pela agência Urissanê, do marqueteiro Otávio Antunes, no projeto “Elas por Elas”, voltado à participação feminina. A partir de junho daquele ano, os contratos passaram a ser firmados diretamente, segundo Barcelos, para evitar “dupla tributação”.

A Urissanê repassou ainda R$ 194 mil à Log no período, mas não comentou o caso ao jornal.

PT nega conflito de interesses

Barcelos declarou acreditar que já não fazia mais parte do diretório quando prestava os serviços, lembrando que sua função não era remunerada.

O PT nacional afirmou que as contratações foram regulares e “devidamente comprovadas e vinculadas às atividades partidárias”. A legenda negou indícios de favorecimento e sustentou que Barcelos não tinha influência em decisões administrativas ou contratuais da direção nacional.


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