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“Se o pobre consumir mais, o rico vai ficar mais rico”, diz Lula em discurso criticado por simplificar economia

Declaração do presidente reforça divisão entre classes e levanta dúvidas sobre lógica econômica apresentada

Durante a cerimônia de sanção da lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, nesta quarta-feira (26), o presidente Luiz Inácio da Silva voltou a defender sua visão de economia baseada na oposição entre ricos e pobres — desta vez com uma frase que gerou forte reação:
“Se o pobre consumir mais, o rico vai ficar mais rico.”

Declaração é vista como reducionista

Lula tentou explicar sua ideia de “distribuição de renda” ao comparar o efeito de entregar R$ 10 milhões a uma pessoa ou dividi-los entre mil brasileiros. Mas o presidente novamente recorreu a uma narrativa que coloca classes sociais em lados opostos, sem apresentar critérios técnicos além da renda:

Se você pegar R$ 10 milhões e der para uma pessoa, aquele dinheiro vai virar uma conta bancária, e ela vai viver de juros. Pegue esses R$ 10 milhões e divida para mil pessoas: o dinheiro vai virar alimento, roupa, caderno; vai virar alguma coisa que faz a economia circular.

Ele concluiu:
O rico não fica mais pobre. Se o pobre consumir mais, o rico vai ficar mais rico. É isso que as pessoas precisam compreender para se fazer economia.

O discurso foi criticado por especialistas e opositores por simplificar conceitos econômicos complexos e ignorar fatores estruturais — como produtividade, investimento, competitividade e eficiência fiscal — reduzindo tudo a uma relação direta entre consumo dos pobres e enriquecimento automático dos ricos.

Isenção vem acompanhada de aumento de impostos

A nova lei sancionada por Lula deve beneficiar 25 milhões de brasileiros, mas inclui uma compensação: pagadores de IR que ganham acima de R$ 600 mil por ano serão mais taxados.

A cerimônia ocorreu no Palácio do Planalto e chamou atenção pela ausência de duas autoridades essenciais: Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Hugo Motta, presidente da Câmara. Ambos estavam em Brasília, mas escolheram cumprir outras agendas — gesto visto como sinal de desgaste político com o governo.

Relação com o Congresso vive tensão

A ausência de Alcolumbre e Motta ocorre em meio a uma crise aberta na Câmara. Na semana passada, Hugo Motta rompeu com o líder do PT, Lindbergh Farias, acusando o partido de promover ataques contra ele nas redes — algo que o PT nega.

A cerimônia, que deveria simbolizar uma vitória política do governo, acabou reforçando o clima de distanciamento entre o Planalto e parte do Legislativo.


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