Ministro deve manter entendimento de que não há provas suficientes de participação consciente no suposto planejamento do golpe
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve votar nesta terça-feira (21) pela absolvição dos sete réus do chamado núcleo 4 da investigação sobre a suposta trama golpista.
A expectativa é que o voto do magistrado repita os fundamentos jurídicos já apresentados no julgamento do núcleo 1, em que ele absolveu seis dos oito acusados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Voto mais curto e com base em princípios já expostos
Por já ter exposto suas premissas à Primeira Turma do STF, Fux deve fazer um voto mais breve desta vez. Enquanto, no julgamento anterior, ele levou 12 horas para se manifestar, a previsão é de que, agora, conclua sua fala em cerca de duas horas.
As provas e acusações contra os réus do núcleo 4 serão examinadas à luz dos mesmos fundamentos apresentados no julgamento anterior. Um dos pontos centrais que Fux deve retomar é a ideia de que “ninguém pode ser condenado apenas por planejar um crime”, sem a comprovação de atos concretos de execução.
Outro tema sensível que deve ser abordado é o uso de mensagens privadas de WhatsApp como prova criminal, questão que divide ministros e advogados por envolver o direito à privacidade e aos limites da investigação digital.
Expectativa de absolvição integral
Diferentemente do que ocorreu no julgamento do núcleo 1, quando dois dos oito réus foram condenados, o ministro tende a absolver todos os integrantes do núcleo 4, por entender que não há provas suficientes de que tenham participado de forma consciente ou ativa no alegado plano de golpe.
O núcleo 4 é composto pelos seguintes réus:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército;
- Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
- Carlos César Moretzsohn Rocha, engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
- Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército;
- Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército;
- Marcelo Araújo Bormevet, agente da Polícia Federal e ex-integrante da Abin;
- Reginaldo Vieira de Abreu, coronel da reserva do Exército.
PGR pede condenação e cita desinformação
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação dos sete réus, argumentando que o grupo teria atuado na disseminação coordenada de fake news com o objetivo de desestabilizar o país.
Segundo Gonet, houve um “manejo estratégico de informações sabidamente falsas como instrumento de desestabilização social”, o que, na visão da PGR, justificaria a responsabilização penal dos acusados.
Com o voto de Fux, o julgamento do núcleo 4 deve avançar nesta semana, e os demais ministros da Primeira Turma devem se pronunciar até o fim de outubro.