Ex-presidenciável afirma que conduta do ministro é “eticamente incompatível” com o Estado de Direito
O ex-candidato à Presidência da República João Amoêdo, um dos fundadores do Partido Novo e atualmente fora da legenda, defendeu publicamente a abertura de um processo de impeachment contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação ocorreu após decisões recentes do magistrado relacionadas ao caso Banco Master.
Em publicação feita nas redes sociais nesta sexta-feira (26), Amoêdo acusou Toffoli de comprometer a independência do Banco Central do Brasil e de adotar uma postura incompatível com os princípios institucionais do país.
Críticas diretas à conduta do ministro
Na mensagem, o ex-presidenciável afirmou que Toffoli deveria ter se declarado impedido de atuar no caso. Segundo Amoêdo, o ministro teria viajado recentemente em um jatinho com um advogado ligado ao Banco Master, fato que, em sua avaliação, comprometeria a imparcialidade necessária para conduzir o processo.
“O ministro Toffoli interfere na independência do Banco Central e descredibiliza o STF, assumindo uma postura eticamente incompatível e inaceitável no Estado de Direito”, escreveu.
Amoêdo destacou ainda que, em vez de se afastar, Toffoli assumiu a relatoria, decretou sigilo absoluto e determinou uma acareação entre o diretor de Fiscalização do Banco Central e o ex-presidente do Banco Master, o que classificou como uma iniciativa com “aspectos de intimidação”.
Questionamentos sobre recesso e decisão de ofício
Outro ponto criticado foi o momento escolhido para a realização da acareação. O encontro está marcado para ocorrer durante o recesso do Judiciário, foi determinado de ofício pelo próprio ministro e contou com manifestação contrária da Procuradoria-Geral da República, que acabou sendo ignorada.
Para Amoêdo, o conjunto dessas decisões reforça a necessidade de responsabilização institucional do magistrado. “Ao não se declarar impedido e adotar esse procedimento, o ministro deveria sofrer a abertura de um processo de impeachment”, concluiu.
Acareação no centro da controvérsia
Toffoli rejeitou pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender, por tempo indeterminado, a acareação entre Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master; Paulo Henrique Costa, ex-presidente do Banco de Brasília (BRB); e Ailton de Aquino Santos, diretor de Fiscalização do Banco Central.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, avaliou que a acareação seria prematura, uma vez que nenhum dos envolvidos havia prestado depoimento prévio. Apesar disso, Toffoli manteve a decisão.
Encontro marcado em pleno recesso
As oitivas estão previstas para terça-feira (30), em pleno recesso do Poder Judiciário. O objetivo declarado do ministro é confrontar as versões sobre as tratativas de compra do Banco Master pelo BRB, operação que acabou sendo barrada pelo Banco Central diante de indícios de irregularidades.
As declarações de João Amoêdo ampliam a pressão política e institucional em torno da atuação de Toffoli e reforçam o debate sobre limites éticos, imparcialidade judicial e independência das instituições no caso.