Presidente Da China, Xi Jinping Foto EFE Mark Schiefelbein Presidente Da China, Xi Jinping Foto EFE Mark Schiefelbein

China prende mais de 70 cristãos em repressão religiosa

Onda de perseguição mira grupos de estudo bíblico e afeta dezenas de igrejas no leste chinês

Nova investida do governo chinês mira reuniões cristãs e causa temor entre fiéis

Autoridades chinesas prenderam e interrogaram mais de 70 cristãos durante uma operação de repressão a atividades religiosas no leste da . Entre os detidos estão pastores, fiéis e buscadores da fé, capturados em cultos nas igrejas, em seus lares e nos locais de trabalho.

A repressão faz parte de uma operação em curso há dois meses, que mobilizou aproximadamente 400 policiais e 200 viaturas. O foco principal foram cristãos envolvidos em grupos de estudo bíblico. Os detidos enfrentaram interrogatórios sobre suas finanças pessoais e vínculos religiosos. Mais de 20 pessoas foram multadas, com valores que vão de alguns milhares até dezenas de milhares de yuan.

Grupos de estudo bíblico e igrejas domésticas na mira das autoridades

De acordo com a missão Portas Abertas no Reino Unido, as multas aplicadas parecem estar associadas a ofertas financeiras feitas às igrejas e à participação em grupos de estudo bíblico considerados “ilegais”.

Outro grupo cristão da mesma região também foi alvo de interrogatórios e advertências por parte do governo.

Repressão causa impacto profundo na comunidade cristã local

Segundo Jason, parceiro local da missão, a ofensiva do governo tem causado sérios danos:

“Devido à recente repressão, nossa igreja parou. Alguns deixaram a igreja, enquanto outros estão à beira de perder a fé. O número de obreiros em tempo integral caiu de seis para apenas um, já que os demais se afastaram de seus cargos e agora estão procurando emprego em outro lugar. Mais de 80 grupos dentro do movimento de igrejas domésticas deixaram de se reunir. Das 14 igrejas originais, apenas algumas permanecem”.

Jason também relatou que os motivos exatos para a repressão não estão claros:

“É possível que as igrejas tenham sido denunciadas como heréticas ou traídas por um informante dentro da congregação, ou que sejam suspeitas de terem laços estrangeiros. Mas tudo isso é apenas especulação”.

Outro missionário local reforçou a gravidade da situação: “Nunca vimos uma força tão grande sendo usada para tratar de questões relacionadas à igreja. Isso é algo que merece atenção séria”.

Cristianismo sob crescente controle e criminalização na China

A China ocupa o 15º lugar na Lista Mundial de Observação da perseguição religiosa. O cristianismo é frequentemente tratado pelo Partido Comunista Chinês (PCC) como uma ameaça potencial.

O governo tem reforçado o controle sobre as igrejas registradas, como o Movimento Patriótico das Três Autonomias e a Associação Patriótica Católica, exigindo que alinhem suas práticas com os valores comunistas. Muitas dessas igrejas estão sendo fechadas.

Essa crescente opressão empurra os fiéis para as igrejas domésticas, que, como demonstrado na recente operação, enfrentam riscos ainda maiores. Nos últimos anos, cristãos detidos por praticar sua fé têm sido acusados de “fraude”, “administração de negócios ilegais” ou “organização de reuniões ilegais”.

Caso alarmante: líder cristão desaparecido

Entre os casos mais graves está o de Ming, líder cristão que já era monitorado pelas autoridades desde 2023 por sua dedicação pública à fé. Nesta semana, ele desapareceu misteriosamente.

“Não tenho notícias dele há alguns dias. Isso já aconteceu antes — toda vez que não consigo falar com ele, descubro que ele foi detido”, relatou Hollace, um parceiro local.

Ele também revelou que Ming havia sido preso recentemente por liderar uma pequena reunião evangélica:

“Durante o período em que esteve detido, ele mal dormiu e sofreu espancamentos violentos da polícia. Foi ameaçado pelas autoridades para não comparecer mais às reuniões”.

A organização Portas Abertas finalizou com um apelo:

“Por favor, orem por Ming e por todos os afetados por esta recente repressão, e por outros cristãos na China que estão sob intenso escrutínio das autoridades”.


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