Documento obtido por imprensa aponta suspeita de miocardite e marca a primeira vez que governo dos EUA admite possível associação
Um memorando interno da Food and Drug Administration (FDA), agência de saúde dos Estados Unidos equivalente à Anvisa, apontou a possível relação entre vacinas contra a covid-19 e a morte de dez crianças. O documento, ainda não divulgado publicamente, foi obtido por veículos como o The New York Times e a agência Reuters.
Dez mortes associadas a inflamação cardíaca
Segundo o texto, assinado pelo diretor médico e científico da FDA, Vinay Prasad, as dez mortes teriam como causa miocardite, inflamação cardíaca registrada após a vacinação.
O memorando, datado da última sexta-feira (28), afirma:
“Essas mortes estão relacionadas à vacinação (atribuição provável/possível feita pela equipe). Esta é uma revelação profunda. Pela primeira vez, a FDA, dos EUA, reconhecerá que as vacinas contra a covid-19 mataram crianças norte-americanas”,
de acordo com a transcrição citada pela Reuters.
O documento não informa quais fabricantes dos imunizantes estariam envolvidos nem detalha histórico clínico das vítimas. Nos EUA, crianças foram vacinadas com produtos da Pfizer e da Moderna.
Análise considerou 96 casos entre 2021 e 2024
As conclusões preliminares se baseiam na revisão de 96 mortes registradas entre 2021 e 2024, das quais “pelo menos dez” foram classificadas como relacionadas às vacinas.
Prasad comentou a dificuldade de analisar tais registros:
“É difícil ler relatos de casos em que crianças de 7 a 16 anos podem ter morrido em decorrência das vacinas contra a covid.”
O New York Times informou que as conclusões ainda não passaram por revisão por pares, e que o comitê de vacinas do CDC deve se reunir na próxima semana para discutir o tema.
Mudança prévia na política de vacinação
Antes da divulgação do memorando, o secretário de Saúde do governo Trump, Robert F. Kennedy Jr., havia restringido o acesso às vacinas contra covid-19 a maiores de 65 anos e pessoas com doenças preexistentes.
Durante a pandemia, tanto a gestão Trump quanto o governo Biden defenderam amplamente a vacinação emergencial lançada em 2020.
Perfil de Prasad volta ao centro do debate
Diante da repercussão do documento, veículos voltaram a destacar o histórico de Prasad, crítico das campanhas emergenciais de vacinação e do uso obrigatório de máscaras.
Ele reassumiu o cargo de diretor médico e científico da FDA em setembro, colaborando com o comissário em temas de regulação e saúde pública.
Segundo dados do CDC, entre 4 de janeiro de 2020 e 24 de junho de 2023, 1.071 pessoas entre 5 e 18 anos morreram de covid-19 nos Estados Unidos.
Prasad destacou que ainda não é possível comparar diretamente esses números:
“Não sabemos quantas crianças a menos teriam morrido se tivessem sido vacinadas, e não sabemos quantas crianças a mais morreram por causa das vacinas do que as que foram relatadas voluntariamente.”
Comissário da FDA comenta eficácia para idosos
No sábado (29), o comissário da FDA, Marty Makary, afirmou à Fox News que as vacinas foram eficazes para idosos e pessoas em risco, especialmente quando atualizadas para variantes do vírus. Ele não fez comentários específicos sobre a vacinação infantil.