FGV: expectativa para 2024 é de um ano tenso com incerteza fiscal e troca no BC, dizem economistas

Aumento de gastos e carga tributária podem marcar período eleitoral em 2024

De acordo com especialistas, é provável que o governo tenha a intenção de aumentar os gastos e buscar um aumento na carga tributária para equilibrar as finanças durante um período em que ocorrem eleições municipais.

Armando Castelar, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), afirmou que mesmo com certa previsibilidade nos cenários para 2024, o próximo ano pode ser bastante tenso.

Segundo ele, a incerteza durante este período pode ser atribuída ao ambiente fiscal e à troca de presidente do Banco Central. Ele fez essa afirmação durante sua participação no seminário de Análise Conjuntural organizado pela FGV em colaboração com o Estadão, realizado na manhã desta quinta-feira.

De acordo com a análise, com as eleições municipais e outros assuntos políticos, é provável que o governo federal busque aumentar os gastos e implementar um aumento nos impostos para equilibrar as contas. No entanto, é destacado que a tolerância para esse aumento de carga tributária, que já não é muito alta, está diminuindo. “O primeiro ano de governo é de lua de mel”, disse. “Vai gradativamente estressando.”

O pesquisador acredita que haverá uma constante disputa entre propostas para aumentar a carga, que não serão implementadas, o que pode causar incerteza para os investidores.

Segundo Castelar, a mudança de presidente do BC no próximo ano será uma fonte adicional de instabilidade para a autarquia, o que poderá gerar incertezas no mercado.

De acordo com ele, uma possível explicação para isso é o fato de o Brasil estar em uma posição relativamente melhor em comparação com outros países emergentes. Ele menciona que existe uma competição de “feiura” entre esses países e, nesse contexto, o Brasil está em uma posição razoável, mesmo que não esteja bem.

De acordo com Castelar, o governo federal deve interpretar esse cenário como um respaldo à política fiscal e parafiscal expansionista. Ele acredita que o governo pode não se preocupar, uma vez que o real está se valorizando e as pessoas estão investindo no país.

O especialista também menciona a disputa política iminente no próximo ano devido às eleições, com a demanda de mais investimentos por parte dos legisladores. Ele destaca a importância de escolher bem o prefeito em 2024, pois isso terá um impacto significativo na eleição de deputados em 2026.