Secretário do Tesouro diz que “todas as opções de estabilização estão sobre a mesa”
Em meio à forte pressão cambial enfrentada pela Argentina, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta segunda-feira (22) que o governo Trump está disposto a oferecer apoio econômico ao país vizinho.
Segundo Bessent, entre as medidas em análise estão linhas de swap, compras diretas de moeda estrangeira e até aquisições de títulos da dívida pública argentina. “A Argentina é um aliado sistemicamente importante dos Estados Unidos na América Latina, e o Tesouro dos EUA está disposto a fazer o que for necessário dentro de seu mandato para apoiar a Argentina”, escreveu em publicação no X.
Pressão cambial
O anúncio ocorre após uma semana de turbulência no mercado argentino. O dólar oficial ultrapassou o teto das bandas de flutuação pela primeira vez desde abril, levando o Banco Central a intervir com a venda de US$ 1,1 bilhão em apenas três dias.
De acordo com o presidente Javier Milei, a Argentina tem compromissos de US$ 4 bilhões em janeiro de 2026 e US$ 4,5 bilhões em julho do mesmo ano referentes à dívida externa. A expectativa do governo é que a ajuda americana dê fôlego às reservas e assegure o pagamento dos vencimentos.
Estratégia do governo Milei
Na tentativa de ampliar a entrada de dólares, Milei anunciou que pretende zerar até 31 de outubro os impostos sobre exportações de grãos — conhecidos como “retenciones”. A medida, segundo o porta-voz Manuel Adorni, busca incentivar vendas externas, aumentar a oferta de divisas e reduzir a volatilidade cambial.
O decreto publicado pelo governo determina que exportadores de grãos e carne deverão liquidar 90% da moeda estrangeira em até três dias úteis após a declaração de exportação. Caso não cumpram, perderão o benefício e voltarão a pagar a alíquota original.
Ainda assim, produtores agrícolas — principais responsáveis pela entrada de dólares no país — têm adiado exportações à espera de preços melhores. A Bolsa de Rosário estima que entre setembro e dezembro sejam exportados US$ 9,9 bilhões, abaixo dos US$ 10,3 bilhões registrados em igual período de 2024.
Milei em Washington
O anúncio de apoio ocorre na véspera da viagem de Milei aos Estados Unidos, onde participará da Assembleia da ONU e terá encontro com o presidente Donald Trump. Na semana passada, Milei já havia adiantado que as duas nações negociavam um acordo econômico, mas sem fornecer detalhes.