Governador De São Paulo, João Doria Foto EFE Debora Klempous Governador De São Paulo, João Doria Foto EFE Debora Klempous

PF mira superfaturamento na compra de respiradores em SP

Inquérito da Polícia Federal viu indícios de sobrepreço de aproximadamente R$ 63,3 milhões na aquisição dos itens pela gestão Doria

A Polícia Federal (PF) realiza nesta terça-feira (22) uma operação para investigar a compra, sem licitação, de 1.280 respiradores pelo governo de São Paulo. A suspeita é de que tenha ocorrido direcionamento e superfaturamento na aquisição dos itens. Ao todo, os agentes cumprem sete mandados de busca e apreensão expedidos pela 10ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

Entre os alvos da ação estão intermediários e fornecedores de equipamentos. Além das suspeitas de fraude no contrato, a Polícia Federal também investiga se houve lavagem de dinheiro. O material foi contratado em abril de 2020 para tratar pacientes com Covid-19.

Na época em que os equipamentos foram adquiridos, já estava em vigor a lei que autorizou agentes públicos a comprarem bens e insumos para o enfrentamento da pandemia sem necessidade de licitação. O contrato previa, inicialmente, a aquisição de três mil aparelhos. Pela compra, a gestão João Doria (PSDB) antecipou o depósito de 44 milhões de dólares (R$ 242,2 milhões).

A aquisição dos ventiladores, que foram fabricados na China, foi intermediada pela Hichens Harrison & Co., empresa americana com sócios brasileiros. O empresário Basile George Pantazis, que alega ter atuado como representante comercial da empresa, chegou a ser ouvido na CPI das Quarteirizações instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

– A gente trabalhou de uma forma frenética para trazer esses ventiladores para o Brasil. Foi uma operação de guerra. Demorou mais do que deveria, mas vieram todas as máquinas. O último dólar que São Paulo pagou eu entreguei – disse o executivo.

Na ocasião, o empresário disse que, naquele momento, os preços cobrados pela Hichens para os modelos ofertados eram os melhores do mercado. O inquérito da PF, porém, viu indícios de sobrepreço na ordem R$ 63,3 milhões. O cálculo foi feito por peritos criminais federais comparando a aquisição com outras contratações feitas no mesmo período.

Questionada sobre as investigações, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo chamou a operação de “espetacularização” e disse que a “compra dos respiradores foi essencial no início da pandemia e fundamental para salvar vidas”.

– Os respiradores adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde contribuíram para a ampliação da rede pública de Saúde, que contou com um total com 4 mil novos equipamentos no SUS que ajudaram a salvar vidas. Os aparelhos foram adquiridos com recursos do tesouro estadual e a aquisição cumpriu as exigências legais e os decretos estadual e nacional – disse a pasta.


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