Fernando Haddad E Lula Fernando Haddad E Lula

Setor público acumula rombo de R$ 1,025 trilhão e despesa com juros atinge maior nível da história

Dados do Banco Central mostram avanço da dívida, alta da Selic e piora simultânea do déficit nominal e primário

O setor público consolidado — que inclui União, Estados, municípios e estatais — fechou os 12 meses até outubro com um déficit nominal de R$ 1,025 trilhão, conforme relatório divulgado pelo nesta sexta-feira (28). O montante cresceu 0,7% em comparação com setembro e é o pior resultado desde novembro de 2024, quando o rombo chegou a R$ 1,111 trilhão.

Juros da dívida continuam em patamar recorde

O déficit nominal engloba tanto o desequilíbrio entre receitas e despesas quanto o custo dos juros da dívida pública, que seguem pressionando as contas.

Somente em outubro, foram R$ 113,9 bilhões pagos em juros — cifra maior que os R$ 111,6 bilhões desembolsados no mesmo mês do ano anterior. No acumulado em 12 meses, o gasto alcançou R$ 987,2 bilhões, o maior valor nominal da série, equivalente a 7,88% do PIB. Há um ano, essa proporção era de 7,48%.

A política monetária do BC segue em fase contracionista, com a Selic a 15% ao ano, para tentar reconduzir a inflação à meta de 3%. Esse juro elevado aumenta o custo de rolagem da dívida e aprofunda o déficit nominal.

Mesmo sem contar juros, contas seguem no vermelho

Desconsiderando os juros, o país registrou um déficit primário de R$ 37,7 bilhões nos 12 meses até outubro. O dado mostra que o gastou mais do que arrecadou mesmo antes de pagar o serviço da dívida — cenário que obriga o Tesouro a buscar mais endividamento.

Enquanto o resultado primário avalia se o caixa cobre despesas correntes e investimentos, o déficit nominal expõe o efeito total da política fiscal somado ao peso dos juros.

Dívida bruta avança e supera R$ 9,9 trilhões

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) somou R$ 9,9 trilhões em outubro, contra R$ 9,7 trilhões no mês anterior, saltando para 78,6% do PIB — aumento de 0,6 ponto percentual no período.

Quando Luiz Inácio da Silva assumiu a Presidência, essa relação estava em 71,7%, o que representa elevação de sete pontos percentuais desde o início de 2023.


Veja também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *