Propaganda de 2014 contrastava com polêmica atual e foi lançada em ano de Copa e eleições
A polêmica enfrentada pela Havaianas em 2025, após uma campanha publicitária que afirma não querer que ninguém “comece o ano com o pé direito”, contrasta com uma estratégia adotada pela própria marca no passado. Em 2014, a empresa usou justamente o slogan oposto: “O pé direito é nosso”.
Naquele ano, a campanha foi estrelada pelo ex-jogador e então deputado federal Romário, hoje senador pelo PL do Rio de Janeiro. A peça publicitária foi veiculada em um contexto igualmente sensível, marcado pela proximidade da Copa do Mundo no Brasil e das eleições presidenciais.
Como era o comercial de 2014
O comercial começava com Romário em uma loja da Havaianas, onde pedia que a vendedora colocasse cada pé do par de chinelos em uma sacola diferente. Em seguida, o ex-atleta aparecia assistindo a um jogo da Seleção Brasileira calçando apenas o pé direito, enquanto um rapaz o questionava sobre o paradeiro do pé esquerdo.
Na cena final, a propaganda sugeria que o pé esquerdo do chinelo havia sido enviado ao ex-jogador argentino Diego Maradona, morto em novembro de 2020. O encerramento trazia o narrador reforçando o slogan: “Havaianas, o pé direito é nosso”.
Assim como ocorre agora, a campanha foi lançada em um período politicamente carregado, às vésperas de uma eleição presidencial.
Envolvimento político de Romário naquele ano
Nas eleições de 2014, Romário foi eleito senador pela primeira vez. Durante a campanha, declarou apoio público ao então senador Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa pelo Palácio do Planalto.
O ex-jogador chegou a participar de programas eleitorais do candidato tucano, que acabou derrotado pela então presidente Dilma Rousseff (PT).
Nova campanha gera reação em 2025
Mais de uma década depois, a Havaianas voltou ao centro do debate político nas redes sociais. Desta vez, a repercussão negativa veio após o lançamento de uma campanha estrelada pela atriz Fernanda Torres.
Na peça, a atriz afirma: “Desculpa, mas eu não quero que você comece o ano com o pé direito”. A frase foi interpretada por parte do público como uma mensagem política, o que levou a marca a bloquear os comentários em seu perfil no Instagram.
Em outro trecho do vídeo, Fernanda completa: “Desculpa, mas eu não quero que você comece o ano com o pé direito. Não é nada contra a sorte, até porque, sorte? Não depende de você, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés”.
Críticas políticas e ameaça de boicote
A campanha motivou críticas de figuras públicas. O vereador Gilson Machado Filho (PL-PE) afirmou que começaria 2026 com o pé direito “em outra marca”. Já o deputado federal Luiz Lima (NOVO-RJ) declarou que “publicidade é escolha e consumo também”.
O especialista em marketing Marcelo Rennó também criticou a estratégia, lembrando que 2026 será ano eleitoral e que campanhas publicitárias, segundo ele, deveriam dialogar com públicos diversos, e não com apenas um segmento.
Nas redes sociais, internautas alinhados à direita passaram a defender boicote à marca e incentivaram outros consumidores a adotarem a mesma postura.