Senador fala em abrir investigação após revelações sobre contatos do ministro com o Banco Central
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) afirmou, nesta segunda-feira, 22, que pretende abrir uma investigação parlamentar para apurar possíveis vínculos entre a família do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o Banco Master. A manifestação ocorreu após o parlamentar compartilhar em suas redes sociais uma reportagem da colunista Malu Gaspar, de O Globo, que detalha contatos diretos de Moraes com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Segundo o jornal, Moraes teria buscado Galípolo ao menos quatro vezes — três por telefone e uma pessoalmente — para tratar de interesses do Banco Master, pertencente ao empresário Daniel Vorcaro.
Vieira cobra apuração e fala em coletar assinaturas
O senador anunciou que, após o recesso parlamentar, iniciará a coleta de assinaturas para instaurar uma investigação sobre a atuação do ministro e sobre um contrato de R$ 129 milhões entre o Banco Master e o escritório de advocacia da família de Moraes.
Vieira escreveu:
“Após o recesso vou coletar as assinaturas para investigação de notícias sobre um contrato entre o Banco Master e o escritório da família do ministro Moraes, de 129 milhões de reais, fora do padrão da advocacia, além desta notícia de atuação direta do ministro em favor do banco.”
O que diz a reportagem de O Globo
Conforme o jornal, nos encontros com Galípolo, Moraes discutiu problemas enfrentados pelo banco Master e pediu informações sobre a operação de venda da instituição ao Banco Regional de Brasília (BRB). O negócio acabou se tornando alvo de investigação da Polícia Federal, devido a suspeitas de fraude.
Ainda de acordo com a reportagem, o próprio ministro teria relatado a um interlocutor que nutria apreço por Vorcaro e repetiu um argumento apresentado pelo empresário: o de que o Master estaria sendo perseguido por competir com grandes bancos.
Em resposta, Galípolo teria informado que técnicos do Banco Central haviam identificado fraudes em repasses de R$ 12,2 bilhões do Master ao BRB, o que inviabilizaria a aprovação da operação. Segundo os relatos, Moraes então reconheceu que, caso a fraude fosse comprovada, não haveria como o negócio seguir adiante.