Ministro do STF atendeu pedido da defesa de Andreson Gonçalves, preso desde novembro, alegando agravamento de saúde
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liberdade provisória ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, investigado por suposta participação em um esquema de venda de sentenças judiciais que teria envolvimento de gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Preso desde novembro do ano passado, Andreson teve sua soltura determinada após Zanin acolher os argumentos da defesa de que seu estado de saúde se agravou durante o período em que permaneceu detido. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se a favor do pedido.
Investigado por influência e repasses a assessores do STJ
As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Sisamnes, foram impulsionadas por elementos levantados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que identificou indícios de compra de decisões judiciais em Mato Grosso, possivelmente viabilizadas por Carlos Zampieri, com quem Andreson mantinha relações próximas.
Mensagens interceptadas durante as investigações indicam que Andreson teria tido acesso antecipado a minutas de decisões de ministros do STJ, compartilhando os documentos antes de sua publicação. Também teria mencionado pagamentos a assessores do tribunal em troca de resultados favoráveis.
Entre as provas levantadas, destaca-se a transferência de R$ 4 milhões da empresa de Andreson para um servidor do STJ, que atuou nos gabinetes de duas ministras. Essas movimentações financeiras reforçaram as suspeitas sobre a rede de favorecimento no Judiciário.
Inquérito perto do fim, mas sem provas contra ministros
Apesar dos indícios robustos contra assessores e servidores públicos, não foram encontradas provas diretas de envolvimento de ministros do STJ com o lobista até o momento. O inquérito que investiga os assessores encontra-se em fase final.
A decisão de Zanin reacende o debate sobre os limites e a gravidade dos casos de corrupção no sistema judicial brasileiro, enquanto aguarda-se a conclusão do processo e possíveis responsabilizações criminais.