Refugiada nos EUA, ex-juíza Najla Ayoubi colhe relatos de colegas ativistas que permanecem na região
Combatentes do Talibã atearam fogo em uma mulher acusada de “cozinhar mal” para eles, segundo relata a ativista e ex-juíza afegã Najla Ayoubi. Em entrevista a emissora Sky News, Ayoubi afirma que os membros do grupo islâmico têm forçado as pessoas a alimentá-los.
– Eles estão forçando as pessoas a dar e fazer comida para eles. Uma mulher foi incendiada porque foi acusada de cozinhar mal para os combatentes do Talibã – contou a ex-magistrada na última sexta-feira (20).
Ayoubi deixou o seu país às pressas quando o Talibã reassumiu o controle do Afeganistão e atualmente está refugiada nos Estados Unidos. À distância, ela tem recebido relatos de “milhares e centenas de colegas ativistas” que ainda se encontram no país. De acordo com ela, há testemunhos de mulheres espancadas, chicoteadas e estupradas.
– Há tantas mulheres jovens nas últimas semanas sendo enviadas para países vizinhos em caixões para serem usadas como escravas sexuais. Eles também forçam as famílias a casar suas filhas com combatentes do Talibã. Não vejo onde está a promessa de que as mulheres poderiam trabalhar, quando estamos vendo todas essas atrocidades – lamentou.
Em declaração recente, os Estados Unidos, a União Europeia e inúmeros outros países expressaram sua “profunda preocupação” com a situação das mulheres e meninas afegãs.
– Estamos profundamente preocupados com as mulheres e meninas afegãs, seus direitos à educação, trabalho e liberdade de circulação. Apelamos aos que ocupam posições de poder e autoridade em todo o Afeganistão para garantir sua proteção. Nós, na comunidade internacional, estamos prontos para ajudá-las com apoio humanitário, para garantir que suas vozes possam ser ouvidas – diz a declaração.
Former Afghan judge Najla Ayoubi says she had to "flee" for her life from the Taliban after speaking in favour of women and women's rights.
— Sky News (@SkyNews) August 20, 2021
She says she's spoken to hundreds of her fellow activists in Afghanistan and many of them are "in hiding".https://t.co/L3t5CE65aD pic.twitter.com/btj45ANiDm