Barreiras policiais, tanques e vigilância da inteligência marcam o cotidiano da capital venezuelana
A capital da Venezuela, Caracas, e seus arredores passaram a conviver diariamente com tanques, barreiras policiais e patrulhas militares. Desde o início de setembro, quando o ditador Nicolás Maduro anunciou o Plano Independência 200, a presença das forças de segurança se intensificou em toda a região metropolitana, segundo o jornal El Nacional.
A operação foi apresentada como resposta às tensões com o governo de Donald Trump e mobiliza 284 frentes de batalha em todo o país.
Vigilância nas ruas e no transporte público
O cerco não se restringe a áreas próximas ao Palácio de Miraflores, onde bloqueios e tanques reforçam a segurança ao lado de unidades do Conas e de outras forças policiais.
Estações de metrô, como Capitolio e La Hoyada, agora contam com a presença de agentes da contrainteligência. Nas principais avenidas — Cota Mil, Francisco de Miranda, Gran Cacique Guaicaipuro, Mariscal de Ayacucho, além das ligações com La Guaira e a rodovia Panamericana —, a fiscalização é constante.
Moradores relatam que motoristas são parados em blitz, precisam mostrar documentos e responder a perguntas de agentes, alguns deles encapuzados. Há também relatos de policiais e integrantes da inteligência que circulam em veículos sem identificação.
O ambiente de vigilância se estende às cidades vizinhas de Los Teques, Guarenas, Guatire e La Guaira. Apesar da forte presença militar, os impactos no dia a dia ainda se limitam a atrasos no trânsito, com a população tentando manter rotinas de trabalho e compras.
Exército se aproxima da população
No último sábado, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, liderou uma caravana em Caracas sob o lema “Os quartéis vão ao povo”, reunindo militares, policiais e civis.
Segundo ele, o objetivo da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) é se integrar à população por meio da organização comunitária em assuntos de defesa.
Dois dias antes, o governo já havia anunciado que soldados visitariam bairros residenciais para instruir moradores sobre o manejo de armas, em treinamentos semanais envolvendo militares, milicianos e civis cadastrados em brigadas locais.
Conflito geopolítico
A militarização ocorre em paralelo ao reforço da presença militar dos Estados Unidos no Caribe. O governo Trump enviou para a região oito navios de guerra, um submarino nuclear e 10 caças F-35, além de manter cerca de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros em ação.
Washington justifica a operação como parte de uma ofensiva contra o narcotráfico, mas Caracas interpreta como uma tentativa de provocar mudança de regime.
Em resposta, Maduro ordenou exercícios militares na ilha La Orchila, reunindo mais de 2,5 mil soldados em manobras aéreas, navais e terrestres, apresentadas pelo regime como uma “resposta integral de defesa”.
Inteligência como braço central do controle
Na Grande Caracas, quem mais chama a atenção não é o Exército regular, mas os serviços de inteligência. Órgãos como Sebin, Dgcim, Conas e a recém-criada Unidade Contra Terrorismo e Subversão dividem espaço com a Polícia Nacional Bolivariana e forças municipais, garantindo uma presença ostensiva em todos os pontos estratégicos da capital.