CPMI do INSS aponta que Cecília Rodrigues Mota realizou compras de luxo incompatíveis com sua renda
A CPMI do INSS revelou que a aposentada Cecília Rodrigues Mota, ex-servidora do instituto, fez gastos milionários entre 2023 e 2024, mesmo recebendo R$ 7,4 mil por mês. Segundo o relatório, as movimentações financeiras incluem compras de veículos de alto padrão, joias e acessórios de luxo, totalizando cerca de R$ 1,3 milhão.
Entre janeiro e março de 2023, Cecília adquiriu dois Ford Mustang elétricos, avaliados em R$ 451,8 mil cada, diretamente da montadora. Pouco depois, comprou também uma Ford Ranger e um Volkswagen Nivus, elevando o número de carros comprados a quatro em apenas cinco meses.
Quatro carros em cinco meses
As aquisições chamaram atenção dos investigadores pela rapidez e pelo valor incompatível com a renda da ex-funcionária pública. Mesmo após o início da Operação Sem Desconto — investigação que apura um esquema de fraudes dentro do INSS —, Cecília continuou a usar os veículos e ainda investiu em equipamentos para carregamento elétrico.
Em uma loja de Fortaleza, a ex-servidora comprou dois carregadores para carros elétricos, cada um avaliado em R$ 5 mil. As notas fiscais foram anexadas ao inquérito da CPMI.
Joias e acessórios de luxo
Além dos automóveis, o relatório da comissão mostra que Cecília também gastou valores significativos em joias e acessórios de luxo. Em abril de 2024, ela adquiriu um relógio de aço e titânio com safira por R$ 30,1 mil. No mesmo mês, comprou colar e brincos de ouro com pérolas, avaliados em mais de R$ 25 mil.
Os investigadores apontam que os gastos revelam padrão de vida incompatível com o salário de uma aposentada do serviço público.
Ligação com o esquema da “Farra do INSS”
De acordo com documentos obtidos pela CPMI, Cecília Rodrigues Mota é citada como uma das participantes da chamada “Farra do INSS”, esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários e transferências de recursos para entidades de fachada ligadas a servidores do instituto.
Com base nas apurações, Cecília teria atuado em Fortaleza como presidente de entidades suspeitas, entre elas a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional e a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil.
Os investigadores avaliam que a movimentação financeira da ex-servidora pode ter origem em recursos desviados do esquema. As apurações seguem em curso no Congresso e podem resultar em novas quebras de sigilo bancário e fiscal.