Figurões da MPB se unem em ação contra curso antifeminista

Artistas pedem indenização de R$ 50 mil à deputada Ana Caroline Campagnolo

A deputada Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) é alvo de um processo por parte dos artistas Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan e as famílias de Augusto Boal (1931-2009) e Mario Lago (1911-2002). O motivo da ação é a forma como algumas canções dos artistas da MPB serão usadas em um curso com teor antifeminista ministrado pela parlamentar.

A ação corre na 27ª Vara Cível do Rio de Janeiro desde o dia 17 de fevereiro e pede o pagamento de R$ 50 mil de indenização a cada um dos autores. Campagnolo conseguiu a autorização, por meios legais, para utilizar as canções. No entanto, de acordo com o advogado João Tancredo, que representa os artistas, a parlamentar não havia deixado claro que se tratava de um curso antifeminista.

– A mentira é a base de todas as ações daquilo que o bolsonarismo chama de guerra cultural. Dessa vez, mentiram para conseguir a autorização de uso das obras, falsearam a história num conteúdo antifeminista e omitiram o interesse comercial. Nada disso foi autorizado. O Judiciário precisa dar uma resposta dura – disse João Tancredo ao colunista Ancelmo Góis, do jornal O Globo.

Além da indenização, a ação conjunta pede a remoção imediata dos materiais da programação do curso. Composições como Mulheres de Atenas, de Chico Buarque e Augusto Boal, Flor de Lis, de Djavan, e Super Homem – A Canção, de Gilberto Gil estão listadas no conteúdo das aulas.

A deputada se defendeu das acusações por meio das redes sociais. Na noite desta segunda-feira (21), Campagnolo publicou imagens das autorizações concedidas à Livraria Campagnolo, empresa da parlamentar.

– Ainda não tivemos acesso ao processo para compreender seu inteiro teor, mas nenhuma das afirmações apresentadas nos folhetins condiz com a realidade. Contatamos as editoras, preenchemos todos os protocolos, respondemos todos os questionamentos enviados e, inclusive, encaminhamos trechos do material quando foram solicitados – relatou.

A deputada também afirma não haver desabono nas obras dos compositores e que está disposta a provar isso na Justiça.

– Não há NADA na execução musical ou na aula que desabone as obras artísticas ou distorça as intenções expressas pelos autores nas composições. Tudo isso será provado na Justiça – declarou.