Jornalista aponta “excessos e abusos extremos” em decisões da Corte e cita caso Banco Master
Em coluna publicada nesta sexta-feira, 12, na Folha de S.Paulo, o jornalista Glenn Greenwald afirmou que o escândalo envolvendo o Banco Master expõe potenciais conflitos de interesse e práticas controversas no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, episódios recentes revelam “excessos e abusos extremos” cometidos por ministros da Corte.
Decisões de Toffoli sobre o Banco Master levantam suspeitas
Greenwald destacou que o Master — investigado por fraude e outros crimes — solicitou que o STF assumisse a competência total do processo, e o ministro Dias Toffoli teria concordado de maneira considerada “controversa” por especialistas.
Pouco depois, acrescenta o jornalista, Toffoli acatou pedido do banco para impor “sigilo máximo” ao caso, decisão que, segundo a Folha, “não possui justificativa compreensível”.
O colunista ressaltou ainda que, dias antes do despacho, Toffoli viajou ao Peru em um jato particular ao lado de Augusto Arruda Botelho, advogado de um ex-diretor do Banco Master, para assistir à final da Libertadores.
Embora o ministro tenha afirmado que não discutiu o processo durante a viagem, Greenwald argumenta que “a aparência de impropriedade é suficiente para corroer — e de fato destruir — a credibilidade de qualquer sistema jurídico.”
Contrato milionário com a família de Moraes
O artigo também relembra a revelação de que o Banco Master possuía um contrato de R$ 129 milhões, a ser pago em 36 meses, com o escritório da esposa e dos filhos do ministro Alexandre de Moraes. Para Greenwald, o caso reforça a percepção de conflito de interesses dentro da Corte.
“STF opera sem limites éticos, legais ou políticos”, diz Greenwald
Greenwald afirma que ministros do STF atuam “sem limites de qualquer tipo: éticos, legais, constitucionais ou políticos”. Ele menciona casos em que familiares de magistrados são contratados por empresas com processos em andamento no tribunal e lembra episódios de viagens patrocinadas por grupos interessados em decisões do Supremo.
O jornalista também critica aquilo que vê como uma expansão indevida do papel do STF na política brasileira. Como exemplo, cita a tentativa da Corte de impor regras às plataformas digitais:
“Uma vez que o Congresso rejeitou democraticamente tal lei, o STF a impôs de qualquer maneira”, escreveu.
O colunista conclui sugerindo que tais práticas têm colocado em risco a credibilidade institucional e alimentado a percepção de que alguns ministros agem sem mecanismos efetivos de controle.