Presidente chama ação policial nos complexos da Penha e do Alemão de “desastrosa” e cobra investigação independente
Durante visita a Belém (PA) nesta terça-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a megaoperação policial realizada na semana passada nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, e classificou o episódio como uma “matança”. O presidente também considerou a ação “desastrosa” e defendeu a participação de legistas da Polícia Federal (PF) na apuração das mortes.
As declarações foram dadas em entrevistas às agências Associated Press e Reuters. Lula afirmou que o governo está empenhado em acompanhar o caso e que a operação precisa ser investigada de forma minuciosa para esclarecer as circunstâncias das mortes.
“Nós estamos tentando essa investigação. Inclusive, queremos ver se é possível que legistas da Polícia Federal participem do processo de investigação das mortes”, afirmou o presidente.
Ele também criticou a forma como a operação foi conduzida: “A decisão do juiz era uma ordem de prisão, não uma ordem de matança — e houve matança. É importante entender em que condições a operação ocorreu”.
Lula ressaltou ainda que, embora parte da sociedade possa enxergar a ação como “um sucesso” por causa do número de prisões e apreensões, o resultado humano da operação foi trágico. “Do ponto de vista da ação no Estado, ela foi desastrosa”, concluiu.
A operação policial, realizada pelo governo do Rio de Janeiro com apoio das forças federais, deixou 121 mortos e provocou intensa repercussão política e social. Entidades de direitos humanos e lideranças políticas cobram transparência e responsabilização, enquanto o governo estadual defende que a ação teve base legal e objetivo de combater o crime organizado.