Doença altamente contagiosa preocupa setor suinícola apesar de não oferecer risco à saúde humana
A Espanha confirmou o retorno da peste suína africana (PSA) após mais de 30 anos livre da doença. A notificação enviada à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) informa que, em 26 de novembro, nove javalis infectados foram identificados na província de Barcelona, região da Catalunha, até 2 de dezembro. Até o momento, não há registro da doença em suínos domésticos.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que acompanha o caso de perto, devido ao alto poder de contágio e aos impactos potenciais para toda a cadeia produtiva da carne suína — mesmo que a PSA não seja uma zoonose e não represente riscos à saúde humana.
Doença grave, sem vacina e sem tratamento
A PSA é causada por um vírus de DNA da família Asfarviridae, que afeta exclusivamente suínos domésticos, asselvajados e javalis. A doença pode provocar:
- morte súbita;
- febre alta;
- hemorragias internas e na pele.
O período de incubação varia entre 4 e 19 dias, e a transmissão ocorre principalmente por contato direto entre animais ou pela ingestão de carne contaminada não cozida adequadamente. Carrapatos do gênero Ornithodoros também podem espalhar o vírus, complicando o controle em ambientes silvestres.
Resistência do vírus agrava o risco de contaminação
O vírus da PSA é altamente resistente, sendo inativado apenas em temperaturas superiores a 56°C por longos períodos. Ele pode permanecer ativo em:
- roupas e calçados;
- veículos e equipamentos;
- produtos suínos sem tratamento térmico.
Pesquisas citadas pelas autoridades mostram que moscas hematófagas da espécie Stomoxys calcitrans podem atuar como vetores secundários, carregando o vírus após contato com sangue contaminado.
Brasil reforça vigilância sanitária
O Brasil teve seu único surto nos anos 1970, erradicando a doença em 1984 por meio de um rigoroso programa de abate sanitário. Desde então, mantém o status internacional de país livre da PSA — condição essencial para o setor exportador.
O Mapa ressalta que preservar esse reconhecimento exige:
- fiscalização constante;
- controle de fronteiras;
- monitoramento de produtos e viajantes vindos de regiões afetadas.
A reintrodução da doença teria impactos devastadores sobre a suinocultura nacional.
Expansão global preocupa autoridades
A PSA foi endêmica em Espanha e Portugal entre 1960 e meados dos anos 1990. O retorno da enfermidade à Catalunha reacende o alerta na Europa, que enfrenta surtos recorrentes desde 2007.
Sem vacina e com difícil controle, a biossegurança permanece como o principal instrumento de prevenção.
Nota oficial do Ministério da Agricultura
O Mapa reiterou que o Brasil continua livre da PSA e que a doença registrada na Espanha permanece restrita a javalis. O órgão reforçou que a manutenção do status sanitário depende do cumprimento rigoroso das normas estabelecidas e da vigilância contínua sobre a movimentação internacional de pessoas e produtos.