Taxação mínima de 30% sobre bebidas açucaradas divide Congresso, inflama redes sociais e levanta alerta sobre custo de vida
A aprovação de um novo tributo sobre bebidas açucaradas acendeu o debate político e provocou reação imediata da população. A Câmara dos Deputados deu aval à criação do chamado Imposto Seletivo, que estabelece uma alíquota mínima de 30% para refrigerantes, sucos industrializados e outras bebidas com adição de açúcar. A medida faz parte do pacote da reforma tributária encampada pelo governo do presidente Lula.
O argumento central do governo é de que a taxação busca desestimular o consumo de produtos ultraprocessados, reduzir despesas futuras do sistema público de saúde e enfrentar o avanço da obesidade infantil no país.
Base governista fala em “vitória da saúde”
Parlamentares alinhados ao Planalto comemoraram a aprovação e classificaram a medida como um avanço sanitário. Segundo eles, o Brasil passa a seguir diretrizes defendidas por organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde, que recomenda a tributação de bebidas açucaradas como ferramenta para reduzir doenças crônicas não transmissíveis.
A OMS, inclusive, estabeleceu como meta global a redução de 50% no consumo desses produtos até 2035, apontando relação direta entre ingestão excessiva de açúcar, obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares.
Postagem de deputado gera polêmica nas redes
A repercussão ganhou força após o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), defensor da proposta, celebrar a aprovação nas redes sociais usando a imagem de uma Coca-Cola Zero Açúcar. A publicação foi alvo de críticas imediatas.
Internautas e especialistas destacaram que o novo imposto incide apenas sobre bebidas com adição de açúcar, o que tornaria a imagem usada imprecisa do ponto de vista técnico. O episódio ampliou o debate sobre comunicação política e clareza das informações divulgadas ao público.
Críticas apontam impacto no bolso e efeito regressivo
Do outro lado, opositores da medida alertam para o aumento da carga tributária e para o impacto direto no custo de vida, especialmente para as famílias de menor renda. Economistas e representantes da indústria de bebidas afirmam que o imposto pode pressionar os preços e contribuir para a inflação de alimentos e bebidas.
Há também questionamentos sobre a eficácia da taxação como instrumento de mudança de hábitos de consumo. Críticos argumentam que o tributo tende a penalizar proporcionalmente mais os consumidores de baixa renda, sem garantir, na prática, uma redução significativa nos índices de obesidade ou doenças associadas ao açúcar.