Déficit de US$ 9,8 bilhões supera 2024 e acende alerta sobre balança comercial e remessas ao exterior
As contas externas do Brasil registraram um déficit recorde de US$ 9,8 bilhões em setembro de 2025, o pior resultado já observado para o mês em toda a série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1995. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) e indicam deterioração nas transações correntes, impulsionada por queda nas exportações, alta nas remessas de lucros e déficit em serviços.
O resultado representa uma alta de 32,4% em relação ao mesmo período de 2024, quando o déficit havia sido de US$ 7,4 bilhões.
Queda nas exportações e aumento das remessas pressionam contas externas
De acordo com o Banco Central, o rombo foi puxado principalmente pela redução do superavit comercial e pelo maior envio de renda ao exterior. A balança comercial, que havia registrado superavit de US$ 4,52 bilhões em setembro do ano passado, caiu para US$ 2,32 bilhões neste ano.
O déficit em renda primária — que inclui lucros, juros e dividendos — também cresceu, atingindo US$ 7,64 bilhões, ante US$ 6,69 bilhões em 2024. O saldo de serviços continuou negativo, com US$ 4,90 bilhões, embora tenha mostrado leve melhora em relação ao déficit de US$ 5,54 bilhões do mesmo mês do ano anterior.
Transações correntes ultrapassam 3,6% do PIB
No acumulado de 12 meses até setembro, o déficit em transações correntes chegou a US$ 78,9 bilhões, o equivalente a 3,61% do Produto Interno Bruto (PIB). O número representa avanço em relação aos US$ 76,6 bilhões de agosto e está bem acima do índice de 2,23% do PIB registrado há um ano.
Economistas apontam que o aumento das importações de bens de capital, a repatriação de lucros por multinacionais e a desaceleração das exportações de commodities, especialmente minério e soja, contribuíram para o desequilíbrio das contas externas.
Investimentos diretos batem recorde e aliviam parte da pressão
Apesar do rombo nas contas externas, o Brasil registrou uma entrada expressiva de capital estrangeiro. O Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 10,7 bilhões em setembro, o maior valor já registrado para o mês desde o início da série histórica.
Os aportes se concentraram em participações no capital de empresas brasileiras, que somaram US$ 4,2 bilhões (sem incluir lucros reinvestidos) e US$ 4,6 bilhões em reinvestimentos. Além disso, houve entrada líquida de US$ 1,9 bilhão em operações entre companhias do mesmo grupo econômico.
Nos 12 meses encerrados em setembro, o IDP alcançou US$ 75,8 bilhões, o equivalente a 3,47% do PIB, valor superior ao registrado em agosto (US$ 69 bilhões). O aumento dos investimentos diretos ajudou a compensar parcialmente o déficit em conta corrente, segundo o Banco Central.