País segue liderando ranking mundial de assassinatos de pessoas trans e travestis
As mortes violentas de pessoas LGBTQIA+ continuam em níveis preocupantes no Brasil, segundo dados divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Os levantamentos mostram que, em 2023, primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve um novo aumento nos casos de homicídios contra pessoas LGBTQIA+.
O GGB registrou 257 mortes violentas em 2023 — um crescimento de cerca de 6% em relação ao ano anterior. O dossiê elaborado por ANTRA, Acontece Arte e Política LGBTI+ e ABGLT identificou entre as vítimas 127 travestis e pessoas trans, 118 homens gays, 9 lésbicas e 3 bissexuais.
Brasil mantém liderança mundial em assassinatos de pessoas trans
O relatório da ANTRA reforça que o país segue como o mais letal do mundo para pessoas trans e travestis, com 131 assassinatos registrados em 2022. A entidade aponta como causas principais a impunidade, o discurso de ódio nas redes sociais e a ausência de políticas públicas efetivas.
“A violência é estrutural e não começou nem terminou em um governo específico. Mas seguimos sem uma resposta do Estado à altura da crise humanitária que vivemos”, afirmou Bruna Benevides, secretária de articulação política da ANTRA.
Crescimento nas estatísticas oficiais e desafios na apuração
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, citado pelo portal Folha do Estado, também confirma a tendência de alta. Segundo o documento, houve um crescimento de 42% nas mortes de pessoas homossexuais e transexuais entre 2022 e 2023 — de 151 para 214 homicídios.
Apesar disso, especialistas destacam que os números ainda sofrem com subnotificação e inconsistência na classificação de crimes motivados por LGBTfobia, o que pode distorcer as comparações entre anos.
Debate sobre metodologia e interpretação dos dados
Embora os dados apontem aumento, analistas pedem cautela ao classificar o cenário como um “disparo” de mortes durante o governo Lula. Segundo eles, variações anuais podem resultar de mudanças metodológicas, maior visibilidade das vítimas ou ampliação da cobertura midiática.
Ações do governo federal e críticas à lentidão na execução
Em resposta ao cenário, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou, em 2023, o Plano Nacional de Promoção dos Direitos LGBTQIA+, que prevê reforço nas investigações de crimes de ódio e expansão dos centros de atendimento especializados.
Entretanto, organizações civis afirmam que a implementação das medidas ainda ocorre de forma lenta e insuficiente diante da gravidade dos casos.
Brasil ainda lidera ranking mundial de assassinatos
Mesmo com iniciativas governamentais, o Brasil permanece à frente de países como México e Estados Unidos no ranking global de assassinatos de pessoas trans. Para ativistas e especialistas, os números reforçam que o combate à LGBTfobia continua sendo um dos principais desafios de direitos humanos no país.