Relatório de investigadores italianos diz que a ligação com o grupo terrorista é um dos motivos para o crescimento do facção em nível internacional
No mês de junho, a intenção da Polícia Civil de São Paulo era surpreender uma reunião entre um indivíduo suspeito e outro indivíduo que eles sabiam ser apenas o “químico responsável pelo Primeiro Comando da Capital (PCC)”, a maior organização criminosa das Américas.
Durante a conversa com o possível químico vinculado ao PCC, o agente policial da DISE encontrou Garip Uç, um cidadão turco de 38 anos que buscou asilo no Brasil no ano de 2020.
Posteriormente, as autoridades policiais constataram que o indivíduo em questão era alvo de investigação tanto da Polícia Federal quanto da Interpol. Garip é irmão de Eray Uç, que é acusado de fazer parte de uma rede global de traficantes de drogas que repassava parte de seus ganhos ao Hezbollah para operar no Oriente Médio.
Relatório de investigadores italianos diz que a ligação com o Hezbollah é um dos motivos para o crescimento do PCCv
Durante a apuração dos fatos, os policiais começaram a suspeitar que o indivíduo detido em São Paulo e associado ao PCC poderia ser o próprio Eray Uç, que teria se utilizado da identidade de seu irmão para operar no Brasil. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, Eray conseguiu escapar da prisão no Paraguai em 2017.
No entanto, o promotor de Justiça responsável pelo caso, Hélio Junqueira de Carvalho Neto, não conseguiu encontrar provas que confirmassem que a polícia tinha detido Eray em vez de Garip. Por isso, a investigação passou a se concentrar em verificar as atividades de Uç no Brasil.
A sua estadia na Praia Grande, no litoral de São Paulo, levantou suspeitas de que o crime organizado estava atuando em uma rede que abrangia o Brasil, a Europa, a África e a Ásia. As autoridades começaram a investigar a entrada de haxixe no país.
A Marinha do Brasil surpreendeu os barcos utilizados pelo PCC, pela Máfia do Balcãs e pela máfia da Calábria ‘Ndrangheta. Essas embarcações transportavam cocaína em sua saída do país e retornavam com haxixe.
Garip Uç informalmente admitiu aos policiais que desempenhava o papel de químico do PCC, fabricando o dry marroquino, uma forma de haxixe bastante popular na Turquia.
A descoberta da Polícia Federal (PF) de que indivíduos associados ao Hezbollah foram contratados para realizar ataques contra judeus no Brasil deu um tom mais grave à história de Garip Uç aos olhos dos investigadores.
Um documento divulgado pela DIA (Diretoria de Investigação Antimáfia) do Ministério do Interior da Itália abordou a atuação do PCC.
“O PCC é a maior organização criminosa da área de São Paulo e da tríplice fronteira”, disse o documento. “E é um importante ator de referência no âmbito do florescente mercado de estupefacientes, também graças às suas relações com o Hezbollah e a ‘Ndrangheta.” As informações são da Revista Oeste.