Argentina dá calote em bananeiros da Bolívia e do Paraguai

Produtores paraguaios protestam contra suspensão de importações argentinas com ‘bananaço’ simbólico

Após implementar políticas econômicas ineficazes, a Argentina passou a ser conhecida como um país inadimplente. O país vizinho não consegue pagar suas dívidas de compra de bananas, levando os produtores da Bolívia e do Paraguai a suspenderem as exportações para lá. Mais uma vez, a Argentina falhou em cumprir com suas obrigações financeiras.

De acordo com informações divulgadas pela CNN Brasil, a partir desta semana, não será mais permitida a passagem de caminhões carregados com bananas pela fronteira argentina.

Protestos

Houve manifestações em resposta à suspensão das importações. Na terça-feira, em Assunção, capital do Paraguai, os produtores locais organizaram um ato simbólico em frente à Embaixada da Argentina, conhecido como “bananaço”.

Banana grátis

Em Assunção, a capital do Paraguai, os agricultores locais distribuíram bananas de forma gratuita como uma maneira de expressar seu descontentamento com a Argentina. As pessoas que estavam dirigindo ou caminhando pela área dos protestos levaram consigo cachos de banana para casa. O objetivo era fornecer essas frutas aos supermercados em Buenos Aires, Córdoba e Mendonza.

Segundo a Capabap, a associação paraguaia de banana e abacaxi, os argentinos têm uma dívida de mais de US$ 10 milhões referente às frutas exportadas, valor que ainda não foi quitado. Na Bolívia, os argentinos também possuem uma dívida equivalente.

Cerca de 3.200 caminhões de banana

Todos os anos, aproximadamente 3.200 caminhões provenientes do Paraguai atravessam a fronteira com a Argentina com o propósito de abastecer o mercado local com bananas. A produção e venda dessa fruta beneficiam mais de 2.500 famílias paraguaias, gerando cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com a Capabap.

Crise argentina

A dificuldade do comércio exterior da Argentina é evidenciada pela falta de pagamento dos bananeiros. A crise atual do país se caracteriza pela elevada inflação e escassez de dólares.

Como funciona a importação no país

As empresas argentinas devem cadastrar suas operações no SIRA, o Sistema de Importações da República Argentina, a fim de realizar importações. Somente as empresas com informações registradas no sistema podem ter suas importações aprovadas pelo governo.

No Dia da Indústria na Argentina, em 4 de setembro de 2023, o político Sergio Massa, que concorre à presidência, anunciou com entusiasmo a aprovação de solicitações de importação no valor aproximado de US$ 700 milhões.

No entanto, obter a permissão do governo é apenas o início do processo de finalizar as aquisições no mercado internacional. Segundo o Banco Central da Argentina, os importadores de mercadorias tinham uma dívida de aproximadamente US$ 37 bilhões em junho. Além disso, havia uma dívida de quase US$ 11 bilhões relacionada a serviços prestados no exterior.

Para efeitos comparativos: a dívida comercial da Argentina de quase US$ 48 bilhões já é maior do que o montante integral da dívida do país com o Fundo Monetário Internacional — que atualmente é de aproximadamente US$ 41 bilhões. As informações são da Revista Oeste.