Caio Coppolla Foto ReproduçãoJovem Pan News Caio Coppolla Foto ReproduçãoJovem Pan News

Coppolla simula carta de chefe do tráfico para Edson Fachin

“Optei por dar vazão a minha indignação de uma outra forma”, disse o comentarista

Em uma edição do Boletim Coppolla da última semana, Caio Coppola simulou como seria uma carta de um chefe do tráfico ao ministro do Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. O magistrado é relator da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das favelas, que propões restrições a policiais do Rio de Janeiro.

De acordo com a Polícia Militar do Rio, as restrições impostas têm fortalecido facções locais, estimulando a migração de líderes criminosos de outras regiões para a cidade. Ao introduzir a suposta carta, Coppola diz que o fará em respeito a sua audiência, que o “impede de criticar a postura de autoridades com a devida ênfase”.

– Por isso, hoje eu optei por dar vazão a minha indignação de uma outra forma, imaginando como seria a carta de um chefe do tráfico para o ministro Edson Fachin, do STF – afirmou o comentarista.

Confira a carta completa:

Salve, Ministro. É uma satisfação escrever pro senhor, ilustre doutor que eu tenho no mais alto conceito. O bonde agradece sua contribuição inestimável durante a pandemia.

Enquanto certos juristas diziam que Covid não era habeas corpus, Vossa excelência teve sensibilidade com a classe criminosa e fez a coisa certa. Desencarcerou geral com habeas corpus coletivo. Obrigado por nos ressocializar. Obrigado por salvar vidas.

Aliás, muito obrigado por não diferenciar a vida bandida da vida civil. No fundo, no fundo, todo mundo sabe que não é a pessoa que escolhe o crime, mas o crime que escolhe a pessoa. A gente não tem culpa.

Mas como eu sei que o senhor é diferenciado, ministro Fachin, me permita uma crítica construtiva com a experiência de quem vive na marginalidade há muitos anos. Eu li todas as suas sugestões para reduzir a letalidade policial nas comunidades dominadas por meus colegas aqui no Rio de Janeiro.

Concordo, eu assino embaixo de todas elas. Mas com toda vênia, ministro, o que o senhor propõe é simplesmente enxugar gelo. O que a gente precisa é acabar de vez com o problema. É cortar o mal pela raiz.

Olha só que absurdo. A polícia sobe o nosso morro, apreende os nossos fuzis, as nossas granadas, todo o nosso armamento. Sai confiscando os nossos produtos importados da melhor qualidade. Leva até as nossas motos. Reage atirando de volta quando a gente abre fogo, e pra completar, tem vezes que não morre um policial sequer, “nenhumzinho”.

Isso parece justo pro senhor? E a imprensa… a imprensa, ministro, não ajuda em nada. Ao invés de eles falarem que morreram vinte inocentes, eles dizem que morreram vinte as pessoas. Aí a população fica confusa e não fecha com a gente. Seu Fachin, o seu objetivo e o nosso é o mesmo.


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