Procurador-geral anunciou investigação criminal contra membros da comissão eleitoral
O regime de Nicolás Maduro iniciou uma apuração criminal contra a comissão eleitoral responsável por conduzir as eleições primárias da Venezuela, ocorridas no domingo, dia 22. María Corina Machado, líder da oposição, saiu vitoriosa com uma margem de 92% dos votos, contabilizando mais de 2,4 milhões de eleitores participantes.
Pouco mais de uma semana após a assinatura de acordos entre Maduro, a oposição e os Estados Unidos para a realização de eleições justas e livres, foi anunciada a investigação contra o ditador. Maduro concordou em assinar os acordos como uma condição para a retirada das sanções americanas ao petróleo e gás da Venezuela.
Serão investigados Jesús María Casal e Mildred Camero, líderes da Comissão Nacional das Primárias, que são membros da oposição ao regime ditatorial. O Conselho Nacional Eleitoral, cujos membros são aliados do ditador, negou-se a realizar as primárias, que são um procedimento para selecionar os candidatos à presidência nas eleições de 2024.
Jesús María Casal e Mildred Camero serão investigados por diversos crimes, incluindo desvio de funções eleitorais, roubo de identidade, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Além deles, os presidentes dos conselhos regionais das primárias e o diretor da organização responsável pela fiscalização do pleito também serão alvos da investigação.
COMUNICADO / La Comisión Nacional de Primaria emite su tercer y último boletín de resultados de la Elección Primaria del 22 de octubre pic.twitter.com/DvhgTCAk6P
— Comisión Nacional de Primaria VE (@cnprimariave) October 25, 2023
‘Obviamente, houve fraude’, diz procurador-geral da ditadura de Maduro
A investigação criminal foi confirmada pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab. Segundo ele, constitui crime realizar as primárias sem o Conselho Nacional Eleitoral. A oposição resolveu fazer o pleito de forma independente depois da renúncia dos aliados de Maduro no conselho, o que, na prática, impediu seu funcionamento.
“A Constituição de 1999, vigente em nosso país, estabelece que o Conselho Nacional Eleitoral é o órgão encarregado de organizar as eleições de organizações com fins políticos”, afirmou Saab, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira 25.
Sem estrutura, as primárias foram realizadas com atropelos, incluindo longas filas e o fechamento das urnas depois das 16 horas, para que todos que estavam esperando pudessem votar. “Obviamente é uma fraude. Quem financiou isso, quem está por trás disso?”, afirmou o procurador-geral. “É uma zombaria à nação, aos eleitores que, de boa-fé, compareceram àquele evento no domingo.”
Oposição afirma que primárias foram transparentes
Depois que Saab deu início à perseguição estatal contra a oposição, com o anúncio da investigação, a oposição ao regime de Maduro rebateu as acusações. María Corina, em uma postagem, manifestou apoio à Comissão Nacional Primária, vítima dos “ataques do regime”. “Essa é a reação ao desafio monumental ao regime que foram as primárias. Nós, venezuelanos, fizemos uma eleição cidadã exemplar, em cujos resultados todos confiamos.” As informações são da Revista Oeste.