A moralização da COVID obscurece completamente o julgamento humano
"A perda de vidas humanas agora recebe um peso moral diferente, dependendo de sua causa"
Quanto mais severo o regime anti-Covid, pior o dano para Covid.
A semana passada trouxe a notícia de que a resposta contra Covid da Grã-Bretanha foi classificada entre as mais rígidas do mundo por pesquisadores da Escola de Governo Blavatnik da Universidade de Oxford. Apenas dois países obtiveram classificação superior no índice de rigor da escola – Líbano e Venezuela. O que isso nos diz sobre a eficácia de nossa resposta nacional? Um leitor com cabeça para números analisou esses dados em relação aos casos relatados e mortes e fez uma observação impressionante:
Anedota não são dados, então a recente revelação de que o Reino Unido tem uma das políticas anti-Covid mais severas, mas também está entre os mais altos índices de casos e mortes da Covid, não prova que os bloqueios (e outras medidas como resposta) são inúteis. Na verdade, é mais significativo olhar para todos os dados sobre as respostas das políticas nacionais e a incidência / dano COVID.
O índice de ‘rigor’ da política COVID-19 da Oxford University Blavatnik School (compreendendo 18 indicadores de política) cobre mais de 180 países, classificando a severidade em uma escala de 0 a 100. O Reino Unido alcançou 81 em 23 de fevereiro. Nos worldômetros, existem dados sobre casos, mortes e testes da Covid para cerca de 220 países.
Ao alinhar essas duas bases de dados – deixando de fora principalmente os países onde a Escola Blavatnik não tem dados sobre políticas – a correlação entre o rigor das políticas e os casos / mortes da Covid pode ser calculada. Agora, todos sabemos que “correlação não é causa”. De fato, o British Journal of Medicine apenas vai mais longe ao dizer que correlação “é usada na vida cotidiana para denotar alguma forma de associação”. E o ‘coeficiente de correlação’ mede a força dessa associação, em uma escala de -1 (negativo perfeito; uma variável move-se oposta à outra perfeitamente) a +1 (positivo perfeito; uma variável se move em conjunto com a outra perfeitamente).
Os coeficientes de correlação calculado também são ‘bons’ para apenas um ponto no tempo – simplesmente olhando para a associação dos últimos dados conhecidos que temos sobre os danos à Covid e a política anti-Covid. Isso poderia ser melhorado observando-se os valores médios desde o início da Covid, mas é um bom lugar para começar.
Agora, você esperaria, se tivesse ouvido ‘a ciência’ por um ano inteiro, que a associação entre os danos da Covid e a resposta política seria negativa, não é? Ou seja, quanto mais draconiana a política, melhor o resultado da Covid. Você estaria errado.
Os coeficientes de correlação com o rigor da política são: +0,35 com casos de COVID e +0,38 com mortes de COVID ! Em face disso – os dados, lembrem-se, não uma anedota – quanto mais severo o regime anti-Covid, pior o dano para Covid.
Isso é significativo? Bem, em um sentido puramente estatístico, sim. Existem tabelas para verificar e, com base no tamanho da amostra de 170 países usada aqui, as correlações de 0,35 e 0,38 são de fato “significativas” (generosamente).
Algumas imagens podem economizar mil palavras. É claro que “os especialistas” desdobraram uma arma de dispersão para lutar contra Covid. O rigor da política varia da Somália com 2,8 (413 casos por milhão, 14 mortes por milhão de acordo com os Worldômetros) ao Líbano com 93 (54.324 casos por milhão e 677 mortes)
Mas, por meio dessa dispersão, a ‘associação’ entre a política e os dano da COVID não é ‘linear’. Países com severidade de cerca de 60 ponto no índice, estão associados a aumentos mais rápidos nos casos e mortes por Covid.
No índice de bloqueios o Brasil não possui dados. Porém, podemos comparar o Brasil com o Reino Unido que foi um dos países mais rígidos nas politicas de bloqueios para saber se os bloqueios realmente funcionam. O Reino Unido tem hoje (27/02/2021) 1801 mortes por milhão de habitantes, enquanto o Brasil, registra 1185 mortes por milhão. Essa simples comparação é suficiente para mostrar o quão inútil é os bloqueios. Essa comparação poderia ser feita com vários países que aplicaram politicas de bloqueios mais rígidas que o Brasil e tiveram um número muito maior de mortes por milhão.
Pegar apenas o número total de mortos para dizer que o Brasil é um dos piores países no combate a pandemia é charlatanismo. O Brasil é hoje 26º na classificação de mortes por milhão.
FONTE: https://www.worldometers.info/coronavirus/
https://www.bsg.ox.ac.uk/research/research-projects/coronavirus-government-response-tracker
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