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Número de empresas em recuperação judicial atinge recorde no governo Lula

Levantamento mostra salto de 61,8% nos pedidos em 2024, o maior desde 2005; pequenas empresas concentram a maioria dos casos

O número de empresas que recorreram à recuperação judicial no atingiu um recorde histórico em 2024, segundo dados divulgados pela Serasa Experian. O levantamento aponta que 2.273 pedidos foram protocolados entre janeiro e setembro deste ano, representando uma alta de 61,8% em relação a 2023 — o maior volume registrado desde o início da série histórica, em 2005.

O dado evidencia uma tendência de fragilidade financeira crescente entre os empreendimentos nacionais, especialmente os de menor porte, que vêm sofrendo mais intensamente os efeitos dos juros altos, do crédito escasso e do aumento da inadimplência.

Micro e pequenas empresas concentram a crise

De acordo com o relatório, micro e pequenas empresas responderam por 1.676 dos pedidos de recuperação judicial, o que representa cerca de 78,4% do total. Esse segmento foi o mais afetado pela falta de liquidez e pelas dificuldades de renegociação de dívidas, fatores que pressionam o fluxo de caixa e aumentam o risco de insolvência.

O setor de serviços lidera o ranking de recuperações, seguido por comércio e indústria, confirmando o impacto da desaceleração da demanda doméstica sobre atividades de consumo e prestação de serviços.

Economistas avaliam que, embora o país apresente sinais de leve retomada econômica, o ambiente de negócios ainda é adverso, sobretudo para companhias com menor capacidade de capitalização.

Juros altos e endividamento agravam cenário

Especialistas apontam que o salto nos pedidos de recuperação judicial é reflexo direto de um custo de crédito ainda elevado, combinado a níveis altos de endividamento e inadimplência persistente. A taxa básica de juros, mesmo em trajetória de queda gradual, continua em patamar restritivo e afeta o acesso ao financiamento, principalmente entre empresas de pequeno e médio porte.

Além disso, o aumento das dívidas bancárias e tributárias pressiona o caixa das companhias, que acabam buscando a recuperação judicial como última alternativa para evitar falência. A Serasa destaca que o fenômeno vem se intensificando desde o segundo semestre de 2023 e deve seguir em alta até o fim de 2024.

Os números reforçam o desafio de manter a sustentabilidade financeira das empresas em um cenário de crédito caro e margens comprimidas”, explica um analista da instituição. “Mesmo com a melhora gradual da economia, as condições de liquidez seguem apertadas.”

Desafio do governo e perspectiva econômica

O aumento expressivo das recuperações judiciais lança alerta ao governo federal, que tenta equilibrar a política monetária restritiva com medidas de estímulo à atividade produtiva. O desafio é duplo: retomar o crescimento econômico sem pressionar a inflação, ao mesmo tempo em que se busca preservar empregos e viabilizar crédito acessível.

A equipe econômica reconhece que os juros altos continuam sendo um obstáculo para a recuperação plena do setor privado, mas argumenta que a estabilidade fiscal e a manutenção da confiança nos mercados são essenciais para permitir uma redução mais rápida das taxas.

Por outro lado, associações empresariais têm pressionado o governo e o por políticas de crédito direcionado e revisão das condições de renegociação de dívidas, principalmente para as pequenas empresas, que sustentam boa parte da geração de empregos no país.

Economistas alertam que, se o movimento de pedidos de recuperação continuar nesse ritmo, 2024 poderá se consolidar como o ano mais crítico para o empreendedorismo nacional desde 2016, quando o país ainda sofria os efeitos da recessão e da crise fiscal.

O levantamento da Serasa, portanto, reflete não apenas o impacto da conjuntura econômica, mas também a necessidade de políticas de crédito mais eficazes para garantir fôlego financeiro ao setor produtivo, hoje pressionado por custos e instabilidade.

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