Ditador da Venezuela ataca opositora indiretamente e diz que “ninguém se rende” em discurso durante evento chavista
O ditador Nicolás Maduro fez neste domingo (13) sua primeira declaração pública após o anúncio do Prêmio Nobel da Paz de 2025 à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado. Durante um evento oficial em Caracas, chamado pelo regime de Dia da Resistência Indígena, Maduro evitou citar o nome da opositora, mas a atacou indiretamente, chamando-a de “bruxa demoníaca”.
“90% da população repudia a bruxa demoníaca da Sayona”, disse o ditador, em referência a uma figura folclórica latino-americana associada ao terror. A fala foi acompanhada da menção a uma pesquisa ligada ao chavismo. Maduro vestia um penacho indígena e empunhava uma arma cerimonial enquanto discursava.
Ataques e discurso nacionalista
Com a retórica habitual contra os adversários e os Estados Unidos, Maduro afirmou que o país está preparado para enfrentar o que chamou de ameaças do “imperialismo gringo”.
“Se querem a paz, preparem-se para conquistá-la. Aqui não queremos ser escravos dos gringos”, declarou.
Em outro momento, o ditador acusou a oposição de defender uma intervenção externa e perguntou:
“Acham que nosso povo vai se render? Aqui ninguém se rende, caralho.”
A fala de Maduro ocorreu 60 horas depois do anúncio do Nobel, marcando sua primeira reação indireta à escolha de María Corina Machado como vencedora. Ele também ordenou a aceleração da formação da Milícia Bolivariana Indígena e pediu apoio de milícias internacionalistas sul-americanas, “dispostas a guerrear pela pátria de Guaicaipuro e Bolívar”.
María Corina responde com mensagem de esperança
Horas antes, María Corina Machado havia publicado uma mensagem nas redes sociais, dizendo que o “próximo prêmio será a liberdade da Venezuela”.
Ela dedicou o Nobel “àqueles que nunca desistem” e que “escolhem a liberdade como caminho para a paz, quando tudo os empurra para o ódio”.
“Homenageio os que resistem sem ódio, que suportam a fome, o medo e o silêncio, mas nunca deixam de acreditar”, afirmou a opositora, que vem sendo perseguida judicialmente e politicamente pelo regime chavista.
Comitê do Nobel exalta coragem democrática
Segundo o Comitê Norueguês do Nobel, María Corina foi premiada por seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano” e por sua “luta por uma transição pacífica da ditadura para a democracia”.
O comunicado acrescenta:
“Como líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos.”